quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Arte enquanto memória dos oprimidos:

Se a História das civilizações pode ser contada através da arte, não podemos deixar de pensar na sua própria dimensão ideológica. É lá no motor da luta de classes que os componentes estéticos adquirem relevância. É claro que o fenômeno artístico não pode ser reduzido a mera ideologia: as profundas necessidades humanas de expressão, dão voz aos mais diferenciados impulsos criativos(a tal da sublimação apresentada por Freud). Entretanto, aqueles que querem despolitizar a arte hoje pretendem fazer o mesmo em toda História da arte.
  As civilizações da antiguidade oriental e ocidental, a sociedade da Europa feudal, da idade moderna e finalmente da era contemporânea, ergueram suas culturas com base na divisão social do trabalho. Esta evidência revelada pela análise marxista, tende  a observar a arte dentro da organização social do trabalho. A pergunta que não quer calar é, enquanto as classes dominantes constituíram suas ideologias no campo da arte(que inclusive fornece no plano da imagem as contradições econômicas e políticas das civilizações), estando a experiência artística durante séculos inseparável do ritual religioso, como ela pode tornar-se também expressão das camadas exploradas da população? Para quem for realizar a pesquisa histórica da arte, é preciso levantar este imperativo ético na avaliação das forças estéticas. É a memória dos oprimidos de ontem e de hoje que a crítica marxista busca(para  o incômodo para os críticos reacionários).


                                                                                          Geraldo Vermelhão 

Nenhum comentário:

Postar um comentário