Sempre quando falamos aqui em poesia, trata-se de uma concepção que ultrapassa a mera categoria do poema e logo da própria literatura. Ser poeta implica num estado de espírito enraizado na própria atitude poética: flanar e perceber as realidades ocultas nas paisagens e nos mais variados objetos, revelam uma posição que quando não enfrenta abertamente ao menos contrasta com a mentalidade capitalista reinante. Quer dizer, o reino da mercadoria e suas normas alienante apresentam formas repressivas, portanto inimigas da experiência poética em seu sentido mais profundo.
O poeta é um inimigo " natural " do capitalismo. Deixar-se tragar pelo sonho e pelas visões interiores geram choques comportamentais e reprovações de ordem moral: aos olhos burgueses não são atitudes produtivas mas experiências que não geram lucro; e inclusive contradizem as imagens apelativas/manipuladoras do sistema. Diante disso tudo, pode o poeta estar indiferente quanto ao poder político? Pode ele abrir mão de olhar, refletir e agir no plano político? Política e poesia são os elementos que nos possibilitam lutar contra a sociedade burguesa. Evidentemente que os instrumentos do poeta não são os mesmos utilizados pelo militante revolucionário. Mas cabe salientar que o poeta não é um bicho aéreo e portanto alheio aos problemas sociais. Os poetas devem compreender o poder político que possuem: a poesia é uma força fundamental que inspira e transforma nossa sensibilidade, ameaçando por completo o Estado capitalista.
Os Independentes
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