Se existe uma prática musical que não pode se perder, é aquela que diz respeito aos garotos que escutam rock nos pequenos espaços. Como já disse em outras ocasiões, não acredito que o underground seja um atalho para se chegar ao mainstream. O underground permite um tipo de experiência social em que música e público são partes orgânicas da mesma realidade artística. De que se trata esta realidade em termos políticos? A liberação dos bichos interiores no palco não é exorcismo pessoal, mas uma manifestação cultural que aponta para o ódio contra a opressão da sociedade burguesa. Afinal de contas, se o modo de produção capitalista atendesse a todos os indivíduos, por que o punk rock, por exemplo, é tão alto, agressivo e urgente?
Para que a música não se plastifique totalmente, o espaço simbólico do porão garante o velho espírito de revolta que é renovado por bandas jovens. Saiamos em defesa do underground não enquanto espaço encerrado em si mesmo, mas enquanto prática que garante a existência da oposição ao sistema estabelecido.
Tupinik
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