segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Criar e refletir/refletir para criar:


É um despropósito submeter a criação artística às leis de mercado. Isto é consenso para todos os militantes de esquerda. Porém, na ânsia por criar obras de arte, muitos artistas progressistas fazem muito sem pensar no que e porque. O resultado acaba sendo muitas vezes obras compradas e vendidas segundo as exigências capitalistas, neutralizando em vários momentos as implicações filosóficas do sentido libertador que a arte pode exercer. Não se trata de separar a reflexão da prática artística, mas conjuga-las dialeticamente.
 O filósofo alemão Walter Benjamin compreendeu muito bem que a palavra escrita e a imagem tornam-se  mercantilizadas na realidade do grande capital; o que dialeticamente não impede que a arte exerça um papel político progressista na direção do socialismo. Sendo assim em meio às novas realidades técnicas de criação, reprodução e circulação das obras de arte,  a militância cultural revolucionária precisa contribuir com a reflexão estética. Esta reflexão é parte do processo criativo , pois o debate marxista é um pressuposto para que não se caia em idealismo artístico: a arte em si não salva politicamente, mas as transformações políticas dependem da arte.


                                                                                     Lúcia Gravas

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