quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Zé Lins e a luta de classes no engenho:
A literatura de José Lins do Rego condensou, com um realismo brilhante e preciso, as lutas e as contradições sociais do nordeste. Sobretudo seus romances da década de trinta calcados na decadência da " sociedade açucareira " , revelam a luta de classes nos engenhos da região da zona da mata. Zé Lins fez isso sem precisar recorrer a um vocabulário politizante(o escritor não fez da literatura uma mera desculpa para inserir de modo artificial conceitos marxistas). A miséria enquanto aspecto central da sociedade brasileira, surge em romances como Menino de Engenho(1932) como um conjunto de fatos perturbadores, os quais incomodam o leitor politicamente acomodado.
Enquanto que a sociologia de Gilberto Freyre(intelectual que foi muito influente na vida de Zé Lins) não saia de dentro da Casa Grande, alguns romancistas engajados como Jorge Amado caíram nas décadas de 30 e 40 no panfleto previsível. Zé Lins foi um escritor que relatou os dramas do nordeste sem cair em mera propaganda política. Este romancista presta um grande serviço às reflexões estéticas marxistas.
Lúcia Gravas
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