segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Pausa para o café(mais um ano de militância cultural)


 2015 foi um ano de intensa militância cultural. Esperamos que nossos textos funcionem como pílulas progressistas. Diante de nossas limitações/contradições(pressupostos que flagram o nosso próprio movimento dialético) procuramos sustentar que perante a necessária pluralidade da cultura devemos combater, de diferentes maneiras, a ideologia dominante. Aliás, é esta mesma pluralidade da cultura que se coloca como desafio intelectual: o processo de luta política da classe operária que almeja abolir o capital, depende de uma atuação cultural independente que respeita a diversidade e revela que a arte deve estar mobilizada(através de inúmeros caminhos estéticos e ideológicos) no combate à sociedade da alienação.
 Contribuir para romper com o bloqueio mental que sufoca nossas vidas, seria o sentido histórico do nosso blog. Agora é hora de respirar: pretendemos relaxar mas ao mesmo tempo sem estar nessa de colocar o cérebro para secar no varal. Mesmo deitados na rede estamos em guarda. Voltaremos na segunda quinzena de janeiro como nossas reflexões estéticas.


                                                                          Conselho Editorial Lanterna

socialismo e cultura:

Muita gente confunde a disputa pelo poder com as especificidades da luta cultural. Claro, a meta consiste em combater de diferentes maneiras a verdadeira câmera de gás que é o sistema capitalista. Porém, se cabe ao proletariado organizar-se para destruir o capital, no campo da cultura esta postura revolucionária envolve uma dinâmica própria. A pluralidade cultural não é inimiga dos militantes revolucionários da cultura: se existe algo que é definitivamente perigoso é o pensamento único que tende a uniformizar a cultura. Portanto a estratégia revolucionária no plano da cultura não envolve a subordinação dos indivíduos a uma suposta " cultura de partido ". Devemos antes saber lidar com as diferentes subjetividades; e diante disso propagar que o projeto socialista precisa garantir as condições materiais para tal diversidade.


                                                                                   Os Independentes

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Definição de uma literatura combativa:

 1- Nunca submeter a arquitetura do texto ao apelo político externo

2- No campo da prosa a questão política não é uma extensão publicitária, mas um esforço expressivo para representar pela forma literária a luta de classes

3- O ritmo da escrita deve fazer o coração do leitor alcançar o seu próprio cérebro e o próprio cérebro deve enriquecer-se com o coração

4- Não temer a inovação mas não se deixar tragar pelo formalismo

5- Superar pela palavra os abismos entre o regional e o universal: fazer do texto literário a língua da classe explorada



                                                                                      Lúcia Gravas

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A liberdade é o pressuposto revolucionário da arte:


O discurso liberal procura aprisionar a criação artística no terreno hostil do capitalismo. Sob a confusão intencional entre liberalismo e liberdade, a crítica burguesa de arte insiste em afirmar que o socialismo tende a reprimir o campo da cultura. Balela! O socialismo não apenas pressupõe liberdade como é o modelo político que pode apontar o caminho libertário que a arte precisa seguir. De acordo com o que  poucos críticos e estetas militantes afirmam, devemos separar as formas degeneradas/deformadas do chamado " socialismo real " daquilo que o socialismo revolucionário pode realmente significar para a cultura. É o socialismo que gera as condições econômicas e políticas para uma cultura sem alienação. Para que a estética se liberte das algemas mercadológicas que alienam a arte, os comunistas de hoje devem propagar a ideia de que somente uma arte livre pode aspirar o socialismo.


                                                                                 Marta Dinamite

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Marxismo e romantismo:


 A análise marxista caracteriza-se por uma metodologia científica: o materialismo dialético constitui-se a partir de uma reflexão objetiva que apresenta " as leis " da história. Porém, este caráter rigoroso não subtrai a necessidade do marxismo debruçar-se também sobre o sonho, a imaginação e as formas culturais que atacam o racionalismo burguês. É o romantismo a raiz deste estado de espírito crítico que ataca a civilização capitalista. Michael Lowy e outros importantes autores marxistas apontam para a necessidade de uma pré-disposição romântica revolucionária(isto é, não de fuga ao passado mas de pensar o passado como força política para superar o presente dominado pelo capitalismo). A reflexão estética neste " marxismo romântico " é uma dimensão privilegiada: a arte e a reflexão artística são atos que esboçam através da revolta criadora as energias utópicas do socialismo. André Breton, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Guy Debord são alguns dos expoentes desta veia romântica que marca presença na história do pensamento marxista.


                                                                                               Os Independentes

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Crítica, invenção e os limites do rockstar:


 As " excentricidades " das estrelas do rock não deixam de ser um reflexo luxuoso da sociedade alienada. Porém, em alguns momentos históricos rockeiros poderiam ter optado por um caminho comportado, convencional, não colocando azeitona na empada dos movimentos sociais de contestação. O rock, sobretudo nos anos sessenta, trazia na sua ambiguidade com a indústria cultural elementos politicamente progressistas. Pensemos por exemplo nos Beatles: se hoje em dia um CD ou DVD do quarteto de Liverpool é o presente de natal capaz de agradar gregos e troianos, devemos insistir que suas ligações históricas com a contracultura colocam a banda como símbolo de uma era de ruptura.
 Por volta de 1965/66 os Beatles poderiam ter seguido num rumo conformista: enquanto fenômeno pop digno de Elvis Presley e Frank Sinatra, os Beatles poderiam(como já enfatizei neste blog em outras ocasiões) ter entrado na onda de gravar discos com o som " mais do mesmo " e fazer filmes vagabundos. Porém, o fab four optou pelo experimentalismo musical, pela pesquisa estética e pela aproximação com os movimentos sociais marcados pela rebeldia. A prova disso é que John Lennon passou a ser durante a segunda metade dos anos sessenta uma figura cada vez mais incômoda para o status quo. Mas até onde a rebeldia de uma banda de rock pode ir? Os limites políticos são claros: compactuando com esquemas comerciais, bandas de rock não ultrapassam o plano da crítica. Mas apesar disso, estes artistas cumprem um papel fundamental na contestação dos valores burgueses. É no mínimo uma contradição interessante/rica que atualmente está quase desaparecendo.


                                                                                                   Tupinik

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Cinema e realidade proletária:



 É fato que a percepção das massas é em boa parte do tempo condicionada pela mídia capitalista. Entretanto, as contradições da realidade material, que inclusive agravam-se na atual crise econômica pela qual o Brasil atravessa, mancham com descontentamento as imagens do capital. Para um cinema que se quer combativo, capaz de interferir de modo progressista na percepção dos trabalhadores, não interessa competir com todo sofisticado aparato da indústria. O cinema militante acompanha de dentro as lutas, as dificuldades e a própria construção da consciência da classe operária. Não se disputa espectadores mas procura-se construir, a partir das necessidades e do cotidiano,o espaço específico que o cinema militante ocupa na luta proletária.
 Devemos estimular a produção audiovisual dos trabalhadores enquanto diferencial ideológico que corresponde ao mundo concreto. A diversidade de olhares sobre as mais variadas realidades humanas não pode ocultar o principal eixo da luta cultural: apresentar uma visão anticapitalista no interior da sociedade alienada.

                                                                                            Lenito

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A experiência surrealista é necessária:


 Para ser subversiva a criação artística não pode falar  a língua do sistema estabelecido. Isto parece óbvio, mas é frequentemente esquecido nas práticas da militância cultural. A ordem burguesa não domina apenas a partir de um discurso racional(o qual garante a exploração) mas da internalização dos seus valores: a mercadoria no capitalismo avançado entra na pele dos trabalhadores, ainda que a economia esteja em crise. Diante da possibilidade do problema econômico dar margem para um trabalho político, que contribui com a consciência de classe, se faz necessário também revolucionar a subjetividade. Em nossa história recente ninguém foi mais longe neste campo do que o surrealismo.
 As ideias surrealistas, em boa parte diluídas pela mercantilização da própria arte surrealista, oferecem um campo de possibilidades poéticas que recuperam as nossas forças psíquicas. A subversão do cotidiano pelo maravilhoso,a descoberta da beleza convulsiva, profanam um mundo em que o dinheiro e as aparências são a regra da penitenciária mental. Evidentemente que a arte também deve denunciar e falar de ideias políticas, mas a experiência surrealista ataca a classe dominante em suas certezas racionalistas e amesquinhadoras da existência humana.


                                                                                   Os Independentes

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

As massas e as obras de arte:

As sofisticadas formas de alienação levam alguns críticos a se precipitarem: as massas não estariam mentalmente " prontas " para recepcionar as " verdadeiras " obras de arte. Esta é uma velha questão, que pelo fator da generalização faz um diagnóstico cultural que revela um posicionamento elitista. Em primeiro lugar é preciso observar que do ponto de vista histórico nunca a circulação das informações culturais foi tão intensa: imagens, sons e palavras tomam os nossos sentidos através de diferentes tecnologias. A internet, apesar de sustentar em 90% interesses capitalistas, deu um chega pra lá no velho museu empoeirado. Tal circulação seria um fator determinante para a apreensão e reflexão de experiências artísticas?
 O fator ideológico, e portanto o caráter educacional, pesa enormemente sobre os hábitos culturais das massas no Brasil. Ao mesmo tempo, a postura isolada daqueles que consomem e analisam obras de arte que fogem dos esquemas de massificação, é a outra face da cultura da alienação. O pulo do gato para superarmos esta questão passa por um projeto político no qual a formação cultural dos trabalhadores realiza-se mediante as novas formas de circulação das obras de arte. Como bem observou Walter Benjamin durante os anos 30, a questão é perceber que nas formas de distração das massas está a base para compreendermos as tarefas históricas da percepção.


                                                                                           Lenito

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Aprendendo com Brecht:



 Muitos militantes de esquerda possuem uma análise política correta, mas, por outro lado, não conseguem se comunicar com grande parte dos trabalhadores. Sendo assim não basta ter a teoria marxista na ponta da língua. É preciso meditar sobre a práxis e logo sobre estratégias de comunicação. O teatro ainda é um campo de inúmeras possibilidades políticas para que as formas comunicativas  revolucionárias sejam cultivadas; o que por sua vez torna as concepções estéticas de Bertolt Brecht mais do que necessárias.
 Brecht nos ensina, dentre outras coisas, que é preciso partir do contexto cultural do proletariado para se criar uma linguagem revolucionária. Este é o princípio dialético que vale não apenas para o teatro político mas para as práticas políticas da esquerda em geral.


                                                                                       Geraldo Vermelhão

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Walter Benjamin: alegoria e rebelião



 Walter Benjamin não é apenas um dos pensadores mais importantes da primeira metade do século XX. Ele é o portador da chave que permite compreender como a palavra/imagem podem ser forças essenciais no confronto contra a sociedade burguesa. Benjamin, um romântico revolucionário, sabia que numa realidade fragmentada pela mercantilização da vida, a alegoria é um recurso fundamental: se para Goethe o poeta parte do particular para o universal, Benjamin ia no sentido contrário e via que o alegórico contribui com o entendimento crítico do capitalismo.
  Benjamin enriquece o pensamento marxista com conceitos que iluminam a reflexão sobre a cultura: aura, mônada, reprodutibilidade técnica são alguns destes conceitos. O leque de interesses deste filósofo-artista(de Baudelaire a Kafka, de Brecht aos surrealistas) geraram escritos seminais. Uma escrita poética que não perde em nada da necessária objetividade histórica na reflexão estética. A esquerda ainda tem muito o que aprender com Walter Benjamin.


                                                                                               Tupinik

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Lançamento do Zine CRIMIDEIA:


 Quando Platão perseguiu os poetas na Grécia Antiga, o filósofo sabia que a ação poética revela um " conhecimento criminoso ". A ameaça que a arte e a poesia traz historicamente para as sociedades de classes é compreendida(e praticada) por marginais iluminados. Um leitor faminto deve se perguntar: " Mas aonde é que eu encontro este conhecimento transgressor hoje ?". Adiantamos que este mesmo leitor deve se dirigir para a cidade de Campinas: nesta terra de barões em que poucas andorinhas sabem voar, está sendo lançado o zine Crimideia , um bombardeio poético contra a cultura dominante.
  Crimideia é a primeira iniciativa editoral da Encruzilhada Edições. Bruno Zambelli, ator e poeta que faria Platão se borrar todo, é um dos cabeças deste zine que promete dar uma lição contracultural no território campineiro. Em sua primeira edição Crimideia incendeia a nossa imaginação com ilustrações autorais e clássicas, além de textos bombásticos. Gente amaldiçoada como Rimbaud e Batallie ajudam a temperar esta publicação que conta com o trabalho de poetas e jornalistas.
  Se Oswald de Andrade compreendia que tinta e papel são mais eficazes do que metralhadoras, o pessoal do Crimideia interpreta ao pé da letra esta afirmação revolucionária.


                                                                                    Os independentes

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A música e a juventude:


 Sempre é tempo de cantar, exteriorizar as palavras caladas/esquecidas, jogar os sons pra fora do " eu-reprimido ".  Trabalhadores, estudantes e as mais variadas minorias sabem que a música é uma marcha sonora que ocupa de modo sensual nossa consciência. Seja em 1968 ou em 2015 jovens cantam novas ou velhas canções em suas lutas políticas. O Estado capitalista, é claro, responde com pancadas ou com maquiagem quando os sons que acompanham a luta subvertem o cotidiano alienado. Mas o importante é que este braço de ferro entre liberdade e opressão possui historicidade. Portanto, quando os estudantes secundaristas do Estado de São Paulo marcam ponto na luta por um outro projeto de Educação, podem acreditar que as canções do passado e do presente se misturam numa sinfonia elétrica da liberdade. Juventude e música andam juntos porque cantar, saltar, protestar e resistir são aspectos vitais da luta política/cultural.


                                                                                     Os Independentes

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O escritor, o militante e o escritor-militante:


 Tem escritor que não sabe mas escrever é inevitavelmente um ato político. Evidentemente que isto não significa dizer que poetas, romancistas, contistas e outros escritores sejam porta vozes de ideologias políticas que violam os procedimentos de criação artística. O fato é que para muitos existe uma falsa divisão intelectual entre o escritor e o militante. Enquanto que o militante de esquerda está orientado para uma atividade política que requer resultados objetivos na realidade social, o escritor seria uma espécie de ser flutuante. A alternativa para esta falsa divisão está na figura do escritor militante.
 O escritor militante é aquele que, engajando-se nas grandes questões políticas do seu tempo, empenha-se na elaboração estética que atua sobre a consciência dos leitores. Não se trata da utilização da literatura como simples pretexto para realizar propaganda política. O escritor militante mostra que o texto literário, em sua especificidade, é uma força ideológica que invalida a existência da sociedade capitalista.


                                                                                               Lúcia Gravas

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A criação artística é revolta:


O que a criação de um objeto artístico acrescenta na realidade? A lógica capitalista responde brutalmente através da conversão da obra de arte em mercadoria. Porém, qual é a origem criadora do ato? Num mundo de cacarecos e objetos alienantes, a arte enquanto processo expressivo não se contenta em apenas aumentar a pilha de lixo. A obra artística abre uma perspectiva existencial que se choca com a organização econômica adestrada do capitalismo. Ainda que muitos artistas não saquem muito bem este fato, a verdade da arte implica na criação de uma outra realidade dentro do real: é aí que mora todo o seu poder político de subversão.
 Chocando-se com o cotidiano, com a previsibilidade de uma realidade social na qual os homens não passam de ferramentas que alimentam o capital, o artista consciente faz pouco caso da organização mental dominante e instaura uma verdadeira ruptura em nossa percepção. A arte ocupa o lugar de um mar de objetos alienados e limpa a nossa visão na direção de uma consciência política transformadora.

                                           
                                                                                            Marta Dinamite

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A necessidade revolucionária da Estética:


 Contrariando o que esquerdistas e sectários em geral sempre sugeriram, a dimensão estética não é parte de um reino reacionário. Se historicamente a categoria da Estética, elaborada em meio às convulsões políticas e sociais do século XVIII europeu, foi expressão cultural da ascensão revolucionária da burguesia, não podemos perder de vista que ela também é vital para a classe trabalhadora. Muito mais do uma "ciência sensual " empenhada no estudo da arte, a Estética enquanto categoria filosófica entra em conflito com a organização social do trabalho.
 É fato que a Estética é um conceito contraditório, sendo que ela converteu-se em parte essencial da hegemonia burguesa, fortalecendo as qualidades sensíveis da mercadoria e por consequência legitimando a sociedade da alienação. Porém, o que a Estética também revela é que o conjunto das experiências sensíveis do ser humano desafia o princípio de realidade estabelecido: a criação de uma cultura sensual, no dizer de Marcuse, envolve a contribuição revolucionária da Estética. A criação e o jogo desinteressado de nossas potencialidades  enquanto aspectos presentes na ação/reflexão estética, chocam-se com o trabalho alienado e com toda organização política que visa administrar os desejos de homens e mulheres. A Estética é parte essencial do processo político revolucionário de libertação.


                                                                                            Os Independentes

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Cinema e pensamento crítico:


 No século passado o cinema, junto com o rádio e a televisão, trouxeram profundas transformações na sensibilidade e na interpretação da realidade. Sem dúvida que os três serviram muito bem aos interesses do capital, sendo que o cinema foi(e ainda é) plataforma para liberais e fascistas. Tratando-se especificamente do cinema, pode-se dizer que ele foi o grande desbravador da imaginação no século XX; não raramente usado como braço ideológico da classe dominante. Porém, sabemos também que o cinema sempre foi uma poderosa arma nas mãos do proletariado, como confirmam as declarações de Lênin sobre a importância revolucionária da arte cinematográfica(algo que comentamos aqui recentemente). Hoje em dia o cinema não é só estratégico como parte integrante do aparato do pensamento crítico.
  Observa-se nas novas tecnologias digitais que as telas fabricadas são pequenas, atendem a um modelo cultural individualista. A tela do cinema, independentemente do filme em questão, é grande e portanto permite uma experiência coletiva com a imagem. Mas se o ato de ir ao cinema não tem grande peso na cultura atual(embora a produção cinematográfica  ainda mova milhões) o fato é que sem a compreensão da linguagem cinematográfica os trabalhadores são alvos de um sistema que domina cada vez mais através do audiovisual. A montagem, os cortes, a narrativa, os ângulos , a edição e outros conceitos são mecanismos necessários que devemos dominar no combate à manipulação de massa. Insistimos mais uma vez: o militante de esquerda necessita de uma formação cinematográfica para lidar com a cultura digital.


                                                                                       Geraldo Vermelhão

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Estética e materialismo histórico:


 Aplicar o método do materialismo histórico na resolução dos problemas da Estética não consiste em teorizar uma arte panfletária e até mesmo " proletária ". Deve-se compreender a especificidade filosófica do marxismo para que as questões artísticas sejam analisadas segundo esta perspectiva. Marx e Engels romperam com a reflexão estética " desencarnada ": se entre os séculos XVIII e XIX boa parte dos estetas separavam a vida real/concreta do ideal, incluso o próprio ideal de beleza, os pais do socialismo científico frisaram suas atenções para as relações entre arte e ideologia.
  A visão distorcida da realidade histórica expressa na ideologia dominante faz uso de fantasmagorias, sendo que a arte acabaria por ser utilizada como cúmplice deste processo. Para o marxismo a arte é entendida enquanto produto das relações de trabalho: ela possui uma origem concreta e exprime uma concepção ideológica. Portanto a arte, que deve ser compreendida a partir das suas próprias leis, não é fuga para um reino ideal: ela é um produto histórico que exprime uma visão de mundo. O fato da ideologia revolucionária entrar em conflito com a ordem estabelecida, empurra igualmente a arte para o terreno da luta política(a arte não é uma ferramenta que serve à ideologia revolucionária, ela é a dimensão sensível da ideologia revolucionária).


                                                                                                Lenito

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Rock e as formas de oposição:


 Na tentativa de controlar pensamentos e instintos da juventude, o sistema procura absorver todas as formas de rebeldia e oposição com seu aspirador reacionário. O grande sonho dos capitalistas é integrar todos os gestos de crítica e rebelião. Mas somente os pessimistas podem acreditar que tudo vai para a pança do monstro. A dialética enquanto chave da história comprova que mesmo quando surge sob algum esquema comercial, as formas culturais podem subverter a sensibilidade e os costumes estabelecidos: os instintos da garotada falam mais alto e não podem ser totalmente administrados pela sociedade burguesa. O rock, por exemplo, ainda que em seu início fosse conduzido por parasitas do comércio, tinha uma energia transgressora que assustou caretas de plantão. A rebelião musical não somente é possível como necessária para a luta política. Quando alguém diz que " o rock não morre ", esta afirmação em sua perspectiva progressista significa que ainda é possível agitar o barco.


                                                                                          Tupinik

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Carta aos estudantes combativos:


Um burocrata da educação, após vestir um sorriso cavalar, afirma num único arroto:“ Estudantes devem estudar. A política é arte dos profissionais “ . Sim, sabemos que este tipo de comentário tende a derreter pelo ralo da História. Os fatos contrastam rigorosamente com a ideologia dominante: Ocupar é agir, politizar e portanto criar formas/convivências  culturais revolucionárias no útero apodrecido da sociedade burguesa. Uma nova consciência libertária deve nascer deste processo de luta política.
 Os estudantes secundaristas estudam porque fazem política e fazem política porque estudam! A ocupação não interrompe o processo educativo. A ocupação é a reivindicação de um outro modelo de Educação. O que a juventude está ensinando é que alunos e professores não são entulho a ser removido de um lado para o outro. Os estudantes estão provando que a escola não é uma triste fusão entre a penitenciária e o depósito de detritos. A ESCOLA DEVE SER O ESPAÇO DA CRIAÇÃO. O ESTUDANTE É SUJEITO POLÍTICO E AUTOR DE UMA CULTURA REVOLUCIONÁRIA. 
Nosso blog LANTERNA: Boletim de Arte Revolucionária(WWW.BOLETIM-LANTERNA.BLOGSPOT.COM), apoia a luta dos estudantes secundaristas da cidade de Campinas. Este é o momento para mostrar que a juventude não é consumidora passiva da indústria cultural. Os jovens precisam continuar mostrando que em suas ações políticas brota uma sensibilidade estética que interfere diretamente nas formas de consciência. MAIS CARTAZES! MAIS SARAUS! MAIS VÍDEOS ! MAIS TEATRO! MAIS PALAVRAS INFLAMÁVEIS !. CRIAR É REVOLUCIONAR.
                                                                    ASS:  CONSELHO EDITORIAL LANTERNA


terça-feira, 24 de novembro de 2015

O que ler em tempos de guerrilha cultural:

A luta contra o conservadorismo político obriga a juventude a buscar referências revolucionárias. Tais referências se fazem sobretudo entre teóricos e militantes que pensaram as questões culturais. Que se leia: Trotski, Breton, Maiakóvski, Eisenstein, Debord, Benjamin, Marcuse, Oswald, Pedrosa, Glauber, Boal, Brecht, Piscator, etc e tal. Contra as tendências reacionárias que permeiam o pensamento contemporâneo devemos fortalecer o cérebro de jovens trabalhadores com o arroz e o feijão do pensamento estético revolucionário.


                                                                                   Os Independentes

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A vida e a escrita para os beats:


É difícil produzir literatura em momentos históricos conservadores. No Brasil atual, a mesma dificuldade que trabalhadores e estudantes enfrentam na hora de lutar pelos seus direitos mais elementares, é parecida com as barreiras moralistas que um escritor libertário encontra para fazer dos seus escritos um contraponto ao conservadorismo(inclusive religioso) que toma o país. Porém, quando olhamos para a coragem e as dificuldades que os autores da chamada Beat generation tiveram nos anos 40 e 50, encontramos não apenas consolo mas modelos contraculturais para uma literatura necessária.
 Ginsberg, Kerouac e outros malucos maravilhosos pesquisaram a alforria do verbo justamente porque fizeram da escrita não uma barreira entre o vivido e o pensado, mas a expressão direta da experiência sensível. Escrevendo eles davam voz a tudo aquilo que a América burguesa procura(até hoje) colocar debaixo do tapete. Opondo-se ao puritanismo os beats construíram de modo nada simétrico os alicerces para a rebelião juvenil das décadas de 60 e 70. Esta herança estética coloca-se não enquanto particularidade da história da literatura dos EUA, mas como vulcão internacional que quando relido pode fazer muito barulho num Brasil tão careta como o de hoje.

                     
                                                                                         Marta Dinamite

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A criação artística nas escolas ocupadas:


Estudantes secundaristas estão dando uma aula de resistência política. Eles nos ensinam que é possível passar com a cabeça, os braços e finalmente com o corpo inteiro pelas grades da Educação reacionária do Estado de São Paulo. Enquanto periódico de Arte Revolucionária manifestamos todo apoio às ocupações nas escolas estaduais: contra a reforma do governo do Estado é preciso que estudantes, professores, artistas e todos os trabalhadores manifestem seu repúdio. Se as forças repressoras ladram do lado de fora das escolas ocupadas, os estudantes andam aprimorando o recado educativo libertário através de atividades culturais combativas.
 As ocupações não são a interrupção do processo educativo, mas sua amplificação: em meio aos debates é fundamental que a criação artística se manifeste enquanto potencialidade expressiva da juventude. A existência de saraus e a realização de vídeos são exemplos de iniciativas que, nos últimos dias, andam fortalecendo o movimento. Os estudantes estão mostrando através da poesia, do teatro, do audiovisual, da música e de outras linguagens a necessidade de formas artísticas combativas que integram-se aos propósitos de um novo modelo de Educação; um modelo no qual estudantes e professores não são concebidos enquanto entulho a ser removido de um lado para o outro.
  Agindo enquanto artistas militantes, os jovens calam aquela velha matraca conservadora: a juventude não está " matando aula ", e sim elaborando estratégias estéticas e afirmando-se  enquanto sujeitos políticos. Para aqueles que desejam apenas tirar 10,0 e reproduzir as injustas estruturas do capitalismo com uma estrelinha na testa, tudo isto pode soar como perda de tempo. Mas é preciso acordar e aprender com os estudantes secudaristas que militam por uma nova Educação, por uma nova realidade política na qual a cultura é a expressão máxima da liberdade. O presente manifesto também está sendo publicado em folhas volantes a serem distribuídas para estudantes e professores das cidades de São Paulo e Campinas.


                                                                      Conselho Editoral Lanterna

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A criação artística nos movimentos revolucionários:


 A valorização de uma determinada obra de arte deve-se tanto aos critérios estéticos quanto ao seu próprio significado social. Do ponto de vista teórico-militante trata-se de selecionar, comentar e difundir manifestações artísticas que são expressões dos esforços revolucionários dos movimentos sociais de hoje e de ontem.
 Uma memória de obras militantes precisa efetivar-se para que seja criado um gancho histórico com movimentos da atualidade. A arte educa e fortalece para uma vontade prática e não para o deleite metafísico.


                                                                                     Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O lado libertário da cultura francesa:


 As ações criminosas do Estado Islâmico não possuem nenhuma relação com a seriedade e os aspectos pacifistas da religião muçulmana. Os covardes atentados ocorridos em Paris são uma ameaça para os trabalhadores de todos os países. Tão perigoso quanto o ódio do Estado Islâmico frente à cultura ocidental, é a tendência política conservadora presente em alguns setores da sociedade francesa. Tal tendência além de descriminar imigrantes(que formam hoje boa parte da classe trabalhadora neste país) reprime os aspectos libertários da cultura. Perante o imperialismo das potências capitalistas no Oriente Médio e a discriminação de imigrantes na Europa, é preciso chamar atenção para os aspectos progressistas da cultura francesa. Contra o ódio da extrema direita devemos nos lembrar da Paris de Breton, Artaud, Sartre, Godard , Debord e tantos outros. É a França que nos deu a Revolução de 1789, a Comuna de Paris de 1871, além da poesia libertária de Rimbaud e Lautréamont, que deve ser lembrada nestes tristes dias que correm.


                                                                                              Os Independentes

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A importância da arte para o Jovem Marx:


 As reflexões estéticas do pensamento marxista são nutrientes para a criação artística revolucionária. Já em seus textos de juventude, Karl Marx situa a arte como atividade em que o homem afirma a sua existência. Em obras como Manuscritos Econômicos Filosóficos (1844) Marx compreende a arte enquanto trabalho criador, historicizando sua prática e ultrapassando o caráter vago da teoria estética de pensadores como Hegel e Kant.
 Embora Marx não tenha desenvolvido sistematicamente uma reflexão estética, a sensibilidade artística e as questões da percepção humana são aspectos essenciais do seu pensamento filosófico. Sua crítica ao complexo econômico e político da sociedade capitalista, abrange um retrato sobre a exploração e a alienação. Estas últimas negam pela mesquinhez do capital a necessidade criadora da arte e o desenvolvimento da sensibilidade estética. Marx aponta o caminho para uma compreensão histórica e revolucionária da arte. Seus trabalhos de juventude apresentam um entendimento da arte enquanto negação do trabalho alienado.


                                                                                      Lúcia Gravas

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

50 anos de " Carcará ":


Há cinco décadas a violência poética da canção Carcará, composta por João do Vale e José Cândido, deu sustança para a música de protesto no Brasil.  A cantora Maria Bethânia foi a intérprete que atingiu pelo seu canto marcante o tom de inconformismo político que exala por esta canção. Aliás, a passagem da cantora pelo emblemático Show Opinião, evento teatral e musical que consistiu numa virulenta resposta contra o Golpe de 64, foi um verdadeiro marco da MPB.
 Passados cinquenta anos, Carcará mantém invicta sua vitalidade expressiva. Embora existam divergências na hora de interpretar a simbologia contida na letra da canção(para alguns " carcará " simboliza a capacidade de resistência do povo oprimido no sertão nordestino, enquanto que para outros " carcará " seria a próprio ditadura que persegue e oprime este mesmo povo), o fato é que Carcará  é uma referência artística para aqueles que pensam a música popular como fonte de resistência política.


                                                                                              Lenito

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

As revoluções estéticas não são óbvias:



 A obviedade que torna empobrecedora ,e em muitos casos redundantes, obras revolucionárias é um mal que sempre acompanhou o trabalho de muitos artistas e estetas. Especificamente no campo das artes visuais, é comum cair num raciocínio mecânico: para uma obra de arte ser revolucionária ela deve representar a luta ou as dificuldades econômicas da classe operária. Sem dúvida que isto deve ser levado em conta, mas nem sempre o conteúdo define por si só a forma revolucionária.
 Movimentos de vanguarda como o Construtivismo russo, nos ensinam que a ruptura com a ideologia burguesa também se processa no campo da percepção: uma redefinição da experiência estética abrange possibilidades criativas, sendo que as figuras geométricas, por exemplo, trazem uma abertura cognitiva que é definitivamente emancipadora do ponto de vista da consciência.  Revolucionar a representação e alterar os sentidos adestrados pelo poder do capital, são tarefas estéticas que precisam ser levadas em conta.


                                                                                    Os Independentes

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Imagens da miséria proletária:


 O princípio político da imagem que não se integra ao sistema, consiste no ato de escancarar as contradições elementares da sociedade capitalista. O caráter estético presente na luta entre capital e trabalho, é um fato em que os artistas precisam focar suas atenções. Não é o retrato piedoso que gera a imagem dos " pobrezinhos ", coisa que pode tocar superficialmente qualquer burguês " humanista ". O aspecto perturbador da imagem está em exprimir uma realidade que exige transformações políticas.


                                                                                            Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A posição surrealista:


  Escandalizar a burguesia não é tocar corneta, não é apelar para blaguês niilistas. Sem forçar a barra e sem cair na vaidade pequeno burguesa de quem deseja simplesmente " causar ", a atitude surrealista naturalmente opõe-se pela estranheza e pelo temperamento libertário ao status quo.
 o movimento surrealista possui historicidade e suas implicações revolucionárias estão registradas não apenas em obras de arte mas em textos teóricos, inclusos os manifestos escritos e assinados por André Breton. O mundo institucionalizado da arte só pode repelir a prática surrealista: o surrealismo pressupõe um compromisso de ruptura com o capitalismo e uma necessária busca pelo fim do divórcio existencial imposto ao homem moderno. Cavar as imagens do inconsciente, buscar o amor e criar obras sem se preocupar com " sucesso " ou reconhecimento, são algumas das características da luta dos surrealistas.


                                                                                   Os Independentes

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Criar é agir:


 É de uma chatice tremenda aquele tipo de gente que afirma o seguinte: " é preciso agir e não ficar criando obras de arte ". Mas que disparate! Como é possível agir politicamente sem criar? E quem disse que no processo de elaboração e divulgação de uma determinada obra de arte não nos deparamos também com um ato político?
 Logicamente que existe aquela concepção burguesa de arte, na qual a contemplação e a passividade daqueles que submergem irracionalmente na obra de arte, levam a um tipo de relação alienada. Entretanto, para os artistas de esquerda uma coisa é clara: a arte não é uma distração mas uma ação transformadora sobre a realidade.


                                                                                       Marta Dinamite

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A presença de Pasolini:


 Há 40 anos um artista revolucionário italiano foi encontrado morto. O mundo perdia Pier Paolo Pasolini. Este pensador deixou impresso na literatura e no cinema elementos que muitos militantes ditos revolucionários não possuem: atitude provocadora, inteligência, sensibilidade rebelde e um desejo profundo de emancipar o homem das cadeias morais da sociedade burguesa. Comunista, homossexual e crítico implacável da sociedade de consumo, Pasolini foi um dos intelectuais mais fascinantes do século passado.
 Por ocasião da data de sua morte, Pasolini está sendo lembrado e discutido nos meios cinematográficos e literários. Sem dúvida que isto pode fazer um bem danado para a cultura brasileira atual: diante do pelotão de reacionários que avança pelos domínios da cultura, a obra e o pensamento de Pasolini compõem uma posição rebelde, de ataque ao status quo. A exemplo do título do seu emblemático filme, Pasolini é um " teorema " que funde a cabeça da burguesia.


                                                                                          Os Independentes

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Artistas trabalhadores:


 Uma das tarefas essenciais da reflexão estética marxista, envolve a destruição de um mito chamado " artista ". Toda a baboseira em torno do gênio individual, da exótica cigarra que canta em sua liberdade abstrata não passam de mais um discurso burguês. Convencer o trabalhador de que ele pode ser um artista e convencer os chamados " artistas " a considerarem-se trabalhadores da cultura, é o princípio para uma redefinição do papel da arte na sociedade.
 É preciso golpear todas as vaidades, todas as blagués e jogos de frases vazias. O artista não pode fugir das suas responsabilidades políticas. Ainda que ele não queira, ele faz uma opção de classe. Ainda que ele prefira sair voando, sua criação acaba pousando mais cedo ou mais tarde no duro chão da realidade. Não precisamos de artistas que alimentam o mercado. Não precisamos de covardes individualistas. Precisamos de artistas trabalhadores!


                                                                                                José Ferroso

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A tendência política na obra de arte:

Engels nos mostra que toda obra de arte é politicamente tendenciosa. Afinal de contas, a criação artística não se dá no vácuo, mas na sociedade de classes. Portanto, toda obra de arte traz conscientemente ou não uma expressão ideológica acerca de uma determinada época; a arte revela em qualquer circunstância um parecer político. Entretanto, isto não pode ser confundido com a violação dos procedimentos artísticos a partir de critérios políticos: o resultado artístico não passaria de um panfleto mal feito. A arte exprime a tendência política de uma época a partir das suas próprias estruturas, da própria estética.


                                                                                               Lenito

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um clássico progressista da literatura russa:



 Acaba de ser publicada a primeira versão em português do romance O Que Fazer ?, do escritor russo Nikolai Tchernichévski. Além de pertencer ao período áureo do romance russo do século XIX, esta obra inaugura temáticas progressistas que teriam seu melhor ambiente cultural na futura União Soviética. A história de uma jovem russa de classe média, Vera Pavlovna, que procura fugir do casamento arranjado pela família através de uma união forjada, é o trampolim para as discussões em torno da emancipação feminina e dos direitos sociais na Rússia czarista. A protagonista do romance, que viveria um triângulo amoroso,  também aborda dois outros tabus da sociedade russa de então: o acesso das mulheres ao Ensino Superior e a organização de costureiras para a criação de uma cooperativa.
 Ao lado de gigantes como Tolstoi e Dostoiévski, Tchernichévki é um romancista que faz da literatura uma autentica reflexão sobre o seu tempo. Não foi por acaso que  este era um dos livros de cabeceira de Lênin(o próprio usaria o título do romance para uma de suas famosas obras).


                                                                                         Lúcia Gravas

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A experiência libertária do jazz:


 Em tempos de homogenização da música, o jazz é uma lição de liberdade. Muitos trabalhadores consideram a música do jazz como sendo algo chique, esnobe, coisa de playboy. Já passou da hora de mostrarmos que é exatamente o contrário: o jazz conseguiu reunir todas as condições expressivas para uma música livre, nascida em torno do proletariado, sensual,  calcada no que existe de mais libertário na cultura negra norte americana.
 Na ampla e rica História do jazz o que mais chama atenção é sem dúvida o bebop. Surgido no pós guerra o bebop envolve a amplificação do jazz: arranjos experimentais e voos sonoros  são elementos característicos do bebop. Este fenômeno que explode nos anos quarenta, alimentou a questão da autoria na criação musical. Isto não é pouco: aquela imagem do músico subalterno é negada pelo bebop que coloca a arte acima do entretenimento. É o que constatamos quando ouvimos o genial Charlie Parker.

                                                                                 
                                                                                                Tupinik

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A arte no socialismo científico:


  O materialismo dialético não pode funcionar enquanto sistema filosófico que responda a todos os problemas do universo. Existem questões que evidentemente partem na direção de outras possibilidades filosóficas. Entretanto, no âmbito dos problemas postos pela História, pela ação do homem no tempo de no espaço, o socialismo científico ainda é o método mais preciso. Não apenas a dinâmica econômica e a organização política são explicados/problematizados pelo materialismo dialético. A dimensão da arte , utilizada num sentido político reacionário por culturalistas e liberais, é para o marxismo um campo fundamental na luta pela libertação do homem.
 A interdependência entre arte e modo de produção nos mais variados períodos históricos, é a primeira lição que aprendemos com o socialismo científico. O conhecimento artístico nos mostra tanto as diferentes formações ideológicas  quanto a própria condição da arte enquanto trabalho criador. A consciência que a arte traz sobre a realidade e as potencialidades criativas do homem, faz da experiência estética uma prática que define a todos nós enquanto seres criadores. Tal evidência em sua oposição ao trabalho alienado, faz da arte uma atividade humana que está inevitavelmente ligada à política. Façamos da arte uma aliada histórica do socialismo.


                                                                                 Lenito/ Geraldo Vermelhão

Dialética e cinema operário:

O contraponto aos ataques dos direitos dos trabalhadores, passa também pelo cinema. Mas qual cinema? Apontar ou até mesmo revelar os problemas da classe trabalhadora no Brasil, não pode ser feito através de uma narrativa burguesa. Linearidade e maniqueísmo são males que muitos filmes ditos revolucionários sofrem. Evidentemente que valorizar a forma em prol do conteúdo também seria um caminho alienante. Como fazer então um filme revolucionário? O pressuposto de um cinema orientado pelo marxismo passa obrigatoriamente pela dialética das imagens. Tese, antítese e síntese devem condicionar o ritmo da montagem cinematográfica. Eisenstein, por exemplo, sabia muito bem disso.


                                                                                             José Ferroso

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A pintura de Ismael Nery:



Uma exposição muito bacana está rolando na Galeria Almeida e Dale, na cidade de São Paulo. Trata-se de uma retrospectiva sobre a pintura de ninguém menos que Ismael Nery. Este importante pintor brasileiro é um dos nomes mais radicais do nosso modernismo. Não compactuando com a catapora nacionalista que se espalhou pelos círculos do modernismo brasileiro da década de 20, Nery foi uma exceção dentro da arte de vanguarda realizada no país. O internacionalismo de Nery possibilitava um trânsito legal com movimentos cosmopolitas, tais como o surrealismo. Se aparentemente pode parecer estranha a afinidade do pintor católico com o temperamento anticlerical dos surrealistas, o fato é que Nery apresenta uma arte que explora as dimensões do inconsciente(é uma verdadeira aula de psicanálise).
  Ismael Nery foi um artista que morreu muito jovem.  Pintor de vanguarda e brother do poeta Murilo Mendes , sua obra se mantém firme e forte no século XXI.


                                                                                  Os Independentes

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Na selva com Brecht:



 Em tempos de crise econômica, a obra do teatrólogo alemão Bertolt Brecht aumenta seu peso revolucionário. Esta é uma evidência que vira e meche fazemos questão de frisar, de tempos em tempos, no nosso blog. O pessoal da Mundana Companhia, por exemplo, montou a explosiva peça Na Selva das Cidades. Este texto que já teve aqui no Brasil uma célebre montagem dirigida por Zé Celso em 1969, chega em 2015 mais atual do que nunca.
  Através de um processo criativo que envolve diferentes espaços da cidade de São Paulo, a Mundana Companhia atualiza o teatro de Brecht revelando as contradições urbanas e sociais, num processo que compreende o espaço empresarial, a favela, o bordel, etc. Brecht é simplesmente inesgotável.


                                                                                       Geraldo Vermelhão

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Romance social e realidade histórica:


 A grande arte do romance permite pela ficção um conhecimento histórico profundo. A narrativa literária que fixa os dois pés na realidade, e não no delírio massificador, é um esforço artístico para o entendimento das relações humanas na sociedade de classes. A crítica social que surge no romance politicamente comprometido, atende a uma necessária mudança na percepção da realidade histórica. Entretanto, é preciso estar atento quanto ao descompasso entre representação e o contexto histórico concreto.
 Não se pode representar, por exemplo, a exploração operária com uma narrativa que desconsidere as mudanças e o próprio percurso histórico das lutas operárias. Foi exatamente esse o foco da crítica literária apresentada por Engels. Seus diálogos com a escritora inglesa Margaret Harkness, ilustram a preocupação de retratar o proletariado a partir dos níveis concretos de desenvolvimento da sua consciência política e dos seus combates.


                                                                                       Lúcia Gravas

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A reflexão estética:

Muitos filósofos e críticos preocupam-se em observar a arte contemporânea a partir do estranhamento das obras. Tomando como eixo a desconstrução da ideia de arte realizada por correntes estéticas contemporâneas, tais como a Pop e a " arte ambiental ", o foco da análise parece ainda boiar no seguinte fato: objetos que em sua origem e função não são " artísticos "(um pneu ou uma lata de refrigerante, por exemplo) tornam-se obras de arte. Este seria o eixo de um debate estético que já encheu a paciência.
 Até quando artistas e teóricos irão insistir na ausência de limites do que seja ou não " arte " ? Mais frutífero talvez seja compreender que a arte não pode salvar-se sozinha. Seu destino é encontrar-se com o movimento político que pode libertar o homem de uma cultura alienada. A arte precisa encontrar-se, a partir dos seus próprios meios, com a política revolucionária.


                                                                                  Os Independentes

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os Stones em Cuba:



 Mick Jagger esteve em Cuba para acertar com as autoridades a possibilidade dos Rolling Stones tocarem na ilha. A notícia vem se espalhando ao mesmo tempo em que os Stones acabam por simbolizar, no quadro das relações capitalistas, uma atração que surge em consequência da "abertura" do regime cubano. Mas o que realmente pode significar a presença da banda inglesa na ilha? Será que este possível encontro possui alguma relação com aquilo que tanto a Revolução cubana quanto os Stones já representaram algum dia?
 Durante a década de sessenta, Cuba enquanto parte integrante do bloco de países liderados pela então URSS, desafiava o imperialismo norte americano: da condição de quintal explorado Cuba afirmou-se como expressão política de libertação dos povos latino americanos. Mas internamente o regime tido como " socialista " delineava uma atmosfera autoritária: nos campos cultural e político não apenas as forças reacionárias eram abafadas, mas tendências socialistas revolucionárias que destoavam do stalinismo de Fidel Castro(as lideranças operárias cubanas estavam submetidas ao controle político da burocracia); para artistas e intelectuais a coisa toda ficaria insuportável a partir dos anos setenta. Paralelamente, na Inglaterra, os Rolling Stones integravam um caldo contracultural que apesar de estar imerso em relações comerciais, desafiava a moral burguesa; o rock era o carro chefe musical da rebelião da juventude no interior dos países capitalistas. Porém, o rock era na ótica das burocracias do Segundo mundo um péssimo exemplo para a juventude; os Stones representariam a " decadência burguesa " , sendo que seus discos e influência comportamental eram nocivos em Cuba.
   Mas, em 2015, o que seria a Revolução cubana e quem seriam os Stones? Cuba hoje prova dos seus próprios erros históricos, configurados no nacionalismo e no isolamento político que só fortaleceram o cerco capitalista. Já os Stones fazem parte do status quo e suas músicas interessam apenas como clássicos do rock. Triste, não acham?


                                                                                               Tupinik
 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Lênin e o cinema:


   Lênin frisou em suas declarações a importância revolucionária do cinema. Num momento histórico em que o proletariado russo deveria fortalecer o regime socialista na União Soviética, o cinema era um forte aliado: Lênin sabia que a educação política da classe operária e do campesinato passava necessariamente pelo peso ideológico que os filmes possuem. O líder e pensador marxista estava mais do que certo. Diante de uma população em grande parte analfabeta, o cinema era um instrumento político valioso que contava didaticamente(e de modo altamente criativo) a história do movimento operário russo. Mas, e hoje em dia? O cinema possui algum significado político progressista para o proletariado?
 Atualmente o cinema se mantém enquanto forte aliado político na construção de uma consciência revolucionária. Embora a esmagadora maioria da produção audiovisual não expresse a crítica ao mundo burguês,  o cinema é uma arte estratégica numa realidade em que a imagem é um dado determinante nas formas de consciência. O conselho de Lênin ainda está na ordem do dia.


                                                                                    Geraldo Vermelhão

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A importância do naturalismo:


 Enquanto escola artística do século XIX o naturalismo está ultrapassado sob vários aspectos. Todo aquele determinismo cientificista que compreendia, por exemplo, o homem enquanto refém do meio social, foi ultrapassado pelas transformações estéticas libertárias da arte de vanguarda. Porém, a estética naturalista ainda pode apresentar aspectos expressivos úteis para o artista militante. A busca por um retrato crú, objetivo das mais variadas realidades sociais, rompe radicalmente com o idealismo e toda carga sentimentaloide burguesa.
 O fato das manifestações artísticas, ideologicamente comprometidas com a classe dominante, produzirem miragens(inclusive no contexto da cultura de massa) faz do naturalismo um contraponto radical. Não se trata do puro retorno ao naturalismo, o que evidentemente acarretaria em anacronismo. Mas deve-se ao menos aproveitar sua " objetividade estética " para retratar os problemas do mundo atual; não é portanto o retorno mas um atalho histórico.

                                                                                    Lúcia Gravas

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A liberdade artística acima do panfleto

Embora ambos tenham uma dimensão estética, obra de arte e panfleto são distintos. Quem confunde uma coisa com a outra não entende nada nem de arte e nem de publicidade. Está sujeito a castrar as implicações revolucionárias da arte, marginalizando as qualidades criativas que todo e qualquer artista militante precisa ter. Embora a classe dominante faça um cinema panfletário, nós não podemos rebaixar a arte mas sim exigir formas revolucionárias.


                                                                                        Os Independentes

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Panfleto e obra de arte:

Se existe uma situação corriqueira, dentro dos luxuosos ambientes da cultura oficial, é aquela em que um beiçudo especialista em arte afirma: " toda e qualquer obra de arte num regime socialista, tende a ser um panfleto ". Porém, o que este crítico desconsidera é que a classe dominante importadora da produção artística imperialista, também defende uma espécie de panfleto. Tomando como exemplo o cinema norte americano, não podemos afirmar que os clássicos filmes de cowboy, os inúmeros filmes com heróis de guerra e as dúzias de filmes de super heróis, não seriam também panfletos da pior qualidade?
 O artista revolucionário tem todo o direito de ser panfletário; o que não é garantia de qualidade expressiva e autenticidade estética. Fazer a ideologia socialista pulsar numa obra de arte não é " diminuir " a criação, mas legítima defesa frente às estéticas imperialistas.


                                                                                             José Ferroso

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Literatura militante:



 Olhando para a produção de muitos literatos atuais, fica difícil imaginar períodos históricos em que escritores eram vigiados e reprimidos pelas autoridades. Aquele que coloca a sua escrita a serviço dos setores economicamente explorados no sistema capitalista, não realiza uma mera opção temática. Este escritor toma uma posição política, empenhando-se em estratégias estilísticas para abordar uma sociedade feita de contradições gritantes.
 Quando não se questiona sobre o papel do escritor/intelectual no mundo contemporâneo, ocorre a despolitização da atividade literária. As obras literárias precisam agir sobre o modo de ver e sentir o mundo. O escritor militante é uma figura necessária que puxa pela ponta do verbo a atenção de leitores. Estes últimos devido aos instrumentos ideológicos da classe dominante, não conseguem ler as entrelinhas da realidade política. Cabe ao escritor ajudar os trabalhadores na leitura do atual momento histórico.


                                                                                                Lenito

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A obra de Frida é coisa séria:


A megaexposição Frida Kahlo- Conexões entre mulheres surrealistas no México, no Instituto Tomie Ohtake é mais do que uma oportunidade: é o momento para o público brasileiro beber com os olhos uma  demonstração considerável da radicalidade estética do modernismo mexicano. Mas será que parte deste público sabe realmente do que se trata a arte de Frida? A pintora mexicana tornou-se de uns anos pra cá uma espécie de ícone para gente que se considera moderninha, prafrentex, etc. Um público que não conhece( e no fundo não se interessa totalmente) por pintura, parece encontrar em Frida mais uma imagem pop. Que tristeza... Isto não condiz com a arte extraordinária e perturbadora da artista.
 Frida Kahlo pode ter o seu rosto em camisetas, em bolsas e até nos atrevidos olhares ensaiados de muitos jovens. Não existe nenhum problema nisto na verdade. Mas a questão é que a pintura de Frida exige uma aguda reflexão sobre a maneira como o universo interior da pintora(varado de dores insuportáveis e de imagens oníricas, maravilhosas) torna-se arte. Foram as  lições de liberdade encontradas na imaginação de Frida que fascinou Breton. Foi sua atitude rebelde e libertária, que deixou Rivera e Trotski caídos de paixão. Portanto, Frida Kahlo deve chegar às massas mas não ser massificada.

                                                                                        Marta Dinamite

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Cineastas de esquerda:

Quem meche com audiovisual precisa ter bagagem cinematográfica. Não basta assistir, mas analisar, estudar e debater os verdadeiros autores cinematográficos. Referimos-nos  especialmente aos cineastas que colocaram a câmera a serviço da revolução socialista. É preciso assistir: Eisenstein, Vertov, Pudovkin, Buñuel, Vigo, Glauber, Godard, Roselini, Visconti, etc e tal. Contra a diversão inocente e por uma diversão revolucionária! Não se pode confundir cinema sofisticado, de meia dúzia, com cinema revolucionário. Não se pode confundir cinema experimental com formalismo pequeno burguês. Não se pode confundir propaganda rasteira com cinema de agitação revolucionária. O que interessa é a CINE-REVOLUÇÃO-VIVA.

                                                                                      Os Independentes

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A música de Bob Dylan:


Uma caixa luxuosa foi lançada contendo material explosivo de Bob Dylan. Gravações que rolaram entre janeiro de 1965 e março de 1966 testemunham a metamorfose musical de Dylan: é quando o músico folk torna-se também rockeiro. A música de Dylan está sendo ouvida em suas diferentes espessuras, em suas mais variadas versões. Nas mãos de um público de esquerda, este tipo de material deve ser estudado, debatido e disseminado. Um público que não conhece folk, rock ou ainda folk-rock precisa ter contato com o percusso musical de Dylan.
O termo clássico aplica-se ao rock não enquanto simples denominação para produtos canonizados pela História da música. Aquilo que marcou historicamente o rock liga-se diretamente às formas musicais de contestação social no século passado. O sentido do clássico, seja no rock ou em qualquer outro gênero musical, está na disseminação da produção musical acumulada historicamente.  As qualidades expressivas que " imortalizam " determinadas composições, precisam ser difundidas inclusive nos movimentos sociais. A educação musical do militante dos nossos dias é mais do que necessária; e Dylan precisa ser mais ouvido no Brasil.

                                                                                                       Tupinik

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Estratégias para um teatro combativo:


 Na hora de colocar em prática um teatro que contribua com a construção da consciência revolucionária, é preciso levar em conta:

1-  O texto da peça precisa ter um conteúdo revolucionário, mas a montagem precisa andar com as próprias pernas

2- Buscar um público operário e superar as convenções de classe média

3- Não depender de políticas culturais mas desenvolver um sistema de produção coletivista, baseado na soma dos esforços do grupo

4- Formar um grupo militante e não de atores que entre outras coisas fazem " teatro de esquerda "

5- Empenhar-se coletivamente em leituras, pesquisas e debates estéticos



                                                                                Lenito/José Ferroso

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

" O romance é nosso pão de cada dia ":


Leon Trotsky, além de líder revolucionário, foi um autor marxista que compreendeu a importância vital da literatura para o socialismo. Trotsky foi certamente o crítico literário mais influente da União Soviética durante o início da década de vinte. Ele soube desmascarar escritores reacionários e ao mesmo tempo apontar os erros de concepções esquerdistas. O General do Exército Vermelho provou por A+B o equívoco de uma suposta cultura proletária, revelando o sentido universal que a arte e a literatura deveriam apresentar no socialismo.
   Profundo conhecedor do gênero do romance, Trotsky encontrava em autores como Zola e Balzac verdadeiras fontes de reflexão histórica. Quando o autor soviético afirmou que " o romance é nosso pão de cada dia ", ele sinalizou para o fato de que a literatura é fonte de conhecimento que nutre os militantes de esquerda.


                                                                                    Os Independentes

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A visualização da luta revolucionária:


 Quando pensamos em qualquer situação histórica lidamos inevitavelmente com imagens. Os movimentos sociais e as lutas do proletariado possuem um equivalente plástico, que afirma interiormente o sentido político destas experiências históricas. O fotojornalismo e o trabalho de cinegrafistas são nestes casos de grande importância documental. Entretanto, a imagem enquanto testemunho revolucionário, abarca também um caráter artístico que cabe aos esforços do artista empenhado na criação estética impulsionar.
 A Revolução russa de 1917, a Guerra civil espanhola(1936-1939) e o Maio de 68, seriam exemplos que abrigam uma memória política que se traduz inclusive esteticamente. A arte gráfica, contemporânea destes eventos históricos, conseguiu pelas suas qualidades comunicativas provar que arte e luta revolucionária fundem-se em obras poderosas.


                                                                                       Marta Dinamite