Muita gente já percebeu que uma das teclas que o nosso blog mais bate, diz respeito a uma desvalorização da ação artística por boa parte da esquerda. Bem, continuaremos enchendo o saco, insistindo no fato de que não existe Revolução política fora da Revolução estética. O legal nisso tudo é que não somos os únicos a apelarem para a dimensão estética da luta política; basta observarmos os novos resultados expressivos de vídeos, desenhos e cartazes legados pela sensibilidade rebelada de 2013. Esta necessidade de uma inserção maior da arte na prática política da esquerda, atinge o próprio material de imprensa: além das publicações e das seções " culturais " de muitos veículos de esquerda(e o próprio Lanterna está situado neste campo), acreditamos que as publicações de cunho político também necessitam de propostas estéticas. Sendo assim, que se aproveite a contribuição anárquica do jornal O Homem do Povo, editado por Oswald de Andrade e Patrícia Galvão em 1931. Um periódico batuta, mal comportado e selvagem demais para muitos marxistas que não sacaram Marx e possuem a psique de um burguês.
Todos nós temos muito a aprender com este periódico: ele é um herdeiro direto do movimento antropofágico de 1928-30, do qual Oswald e Pagu foram os mais famintos por inovação. O humor destrutivo, a conduta sexualmente emancipada e o escândalo que não poupa nenhuma instituição da classe dominante, foram a contribuição antropofágica que fez do Homem do Povo um diferencial na História da esquerda brasileira. Antes de ser empastelado por estudantes de Direito emputecidos com Oswald, o jornal revelou uma grande liberdade de luta, na qual o componente estético era fundamental. Em os nossos dias, o periódico de Oswald e Pagu envolve uma grande lição para a militância cultural e política: os quadrinhos provocadores de Pagu, as maluquices literárias da série No paiz da gente nua, artigos porretas como os da coluna Palco, Tela e Picadeiro, além de enquetes e textos contendo denúncias, análises econômicas e belíssimos desaforos contra a burguesia.
Olhando/gargalhando diante dos quadrinhos de Malakabeça, fanika e Kabelluda , fica o nosso recado para grevistas e contestadores de rua do nosso tempo: para avançarmos na luta política, devemos pela irreverência da arte bagunçar a cultura.
Os Independentes
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