Inglaterra, idos dos anos setenta... Um jovem operário dá duro em sua jornada. A fábrica está em preto e branco. A moral dominante determina uma suposta fronteira entre os sexos. Gente melancólica volta pra casa em silêncio para recomeçar o trabalho explorado no dia seguinte. Pois bem, imaginem o efeito colorido, sexualizado e selvagem que o rock de David Bowie não causava na cabeça deste garoto proletário! Bowie e sua estética musical camaleônica transcendeu as fronteiras britânicas e mostrou que os padrões da cultura ocidental estavam ruindo. Hoje, no século XXI, ouvindo o rock de Bowie(feito provavelmente para o século XXIII), ainda somos tomados por um artista que assustou e questionou o gosto burguês.
A exposição dedicada ao cantor inglês no MIS de São Paulo, pode ser um bom começo para que a garotada em busca de formas transgressoras encontre amparo na música de Bowie. A atualidade deste cara envolve um grande desafio sobre os limites impostos pela cultura moderna: o underground e o mainstream, o homem e a mulher... Bowie respondeu a estas e outras dualidades com sua personalidade irreverente e performática, como comprova o louquíssimo personagem de Ziggy Stardust em sua cabeleira de fogo, sua maquiagem andrógena e seu requebrado da pesada. Aliás o quente da sua música está exatamente nos anos setenta, como comprovam alguns discos da época: The Man Who Sold The World(1970), Diamont Dogs(1974) e Low(1977). Ouvindo este tipo de rock, como a clássica canção Heroes, dá pra sentir ainda um efeito explosivamente plebeu sobre a sociedade burguesa.
Tupinik
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