(...) O Rei da Vela rompe com a dramaturgia tradicional no sentido de chutar a ideia de uma " pré-ideia " do que seja uma peça. Uma peça de teatro, nos livros de dramaturgia, é " ataque "- clímax- resolução-" conflito "- ou seja mais ou menos isso, quer a peça seja mais ou menos aristotélica. Teatro é assim ou assado. Oswald esquece e ignora tudo. Parte para um teatro não linear. Um teatro na base da colagem. Passa a devorar todas as formas de dramaturgia possíveis e imagináveis. Acreditando que a forma teatral é sempre expressão de um conteúdo, cita tudo o que pode citar. Usa todas as formas teatrais e não teatrais. Circenses, literárias, subliterárias, para expressar tudo o que pretende. Não parte do pressuposto de ter uma ideia e se utilizar de uma peça para expor linearmente esta ideia, toma, ou seja lá o que for, como desenvolvimento de uma ação(...). Em relação á dramaturgia brasileira, então, sua grande lição é a coragem de criação, a falta do medo do corte ou do errado, do mau e do bom gosto, que faz com que ele invente valores, na sua própria obra. Esta não tem preocupações de fidelidade a uma visão engajada conforme a cartilha de algum partido, não tem ortodoxia alguma. Não tem problemas de forma. Entra com a literatura, com a música,a conferência, o discurso,a chanchada, a obscenidade, etc. Tudo é instrumento de expressão(...)
José Celso Martinez Corrêa ,1968.
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