terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O underground brasileiro dos anos oitenta:

A noite sempre foi um celeiro pulsante para os artistas mais inquietos. Prova da diversidade cultural libertária encontra-se nas mais variadas cenas artísticas do Brasil dos anos oitenta. Com o regime militar e o seu cala boca indo para o espaço de vez, houve uma verdadeira explosão de liberdade: os setores mais antenados da noite paulistana, por exemplo, erguiam um grito selvagem para aqueles que viam na performance, na poesia, na música uma louca carta-carnal assinada pela rebeldia, pela legitima vontade de ser livre.
   O underground brasileiro dos anos oitenta unia os artistas libertários que sofreram com a repressão policialesca dos anos sessenta e setenta, com uma juventude vigorosa movida pelo punk e pela new wave. Rock, música eletrônica, poesia, teatro, tudo misturado nos espaços noturnos aonde o fundamental não era a diversão que prepara para a rotina do trabalho explorado do dia seguinte. Não, em picos badalados como a casa Madame Satã , o que interessava nos anos oitenta eram experiências culturais que fugiam de todo e qualquer cabresto. Foi nesta casa noturna por exemplo que a performer Cláudia Wonder e sua banda de rock Jardins das Delícias, desferiram ataques poéticos á caretice burguesa. 
 Pessoal, para que as paranoias direitistas não ferrem de vez com a cultura, devemos olhar com tesão para todos estes papais e vovôs punks, performers, poetas ou simplesmente bichos livres. A década de oitenta não foi uma década perdida: lições anárquicas eram encontradas na noite que liberta o desejo reprimido pelo dia.


                                                                       Marta Dinamite  

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