Os horrores da sociedade capitalista precisam ser capturados pela arte. Não se trata da denúncia pela denúncia, mas da vontade de transformação que age sobre a sensibilidade. Para o pintor e o gravurista dos dias de hoje, as formas distorcidas do expressionismo alemão ainda podem ser matéria prima visual. Não é nem tanto pelo lado dark, a coisa sombria que opõem-se á simetria idolatrada pela burguesia. Isto é importante, fascina muita gente imersa no gótico. Mas acontece que existe um lado político do expressionismo, que vira e mexe, fazemos questão de relembrar em nossa publicação.
A miséria social, a guerra, os tipos sociais cuja melancolia é inseparável das injustiças econômicas, são assuntos atuais que por não desaparecem do horizonte da arte, fazem com que artistas encontrem na violência expressionista um modo de exteriorização da emoção estética, inseparável das preocupações de tipo social: a incômoda sensação da imagem que humaniza a realidade, oferece em traços e cores a dimensão brutal da sociedade estabelecida.
O expressionismo alemão, que marcou o início da arte moderna brasileira na década de dez e o seu amadurecimento político nos anos trinta, precisa ser revisitado hoje por aqueles que desejam representar pela expressão selvagem o nosso mundo bestial.
Lúcia Gravas
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