Na História da humanidade a arte sempre exprimiu, intencionalmente ou não, as contradições sociais dentro de um determinado modo de produção. Ao socialismo, tal como é compreendido pelo marxismo, deveria corresponder uma arte isenta de alienação, liberta do conteúdo de classe, um produto que expressa a coletivização da economia e o poder político do proletariado. Porém, as experiências socialistas deformadas são postas á prova, inclusive hoje, por meio das obras de arte. Este é o caso da mais nova instalação do artista chinês Xu Bing.
A instalação " da Fênix ", composta pelas imagens de duas aves, foi originalmente encomendada para o átrio de um centro empresarial ,que está sendo construido em Pequim. Indignado com o contraste entre a modernidade do prédio e as precárias condições de trabalho dos operários, Bing criou uma obra que contém os próprios materiais utilizados pelos trabalhadores chineses(capacetes, chaves de fenda, pás, etc). Percebendo a crítica ao trabalho na China, as autoridades cancelaram o projeto. Hoje a obra está exposta na catedral anglicana de São João, em Nova York. Impossível não perceber o jogo político norte americano para difamar a imagem política da China... Mas, falando do ponto de vista revolucionário, socialista, esta obra de arte revela alguma mentira? Nenhuma pessoa de esquerda pode deixar de avaliar negativamente as condições de vida do proletariado de um país que desde de 1949 seria,em tese, " socialista ".
Sim, a opinião pública conduzida pelos interesses capitalistas, faz a desforra com este tipo de arte. Como poderemos responder politicamente e esteticamente aos desafios de um socialismo sem deformações? É preciso dizer não a uma arte que questiona o socialismo chinês para beneficiar o capitalismo. Mas, ao mesmo tempo, devemos dizer sim a uma arte que seja portadora de um socialismo regenerado.
Lenito
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