terça-feira, 11 de março de 2014

O escritor necessário:

Aquele que escreve, sobretudo prosa, concebe estratégias comunicativas para atingir o leitor. O escritor que se submete ao mercado só pode entender seu leitor enquanto consumidor. Para nós este escritor não interessa(ele é cupincha da burguesia). O escritor que finge tratar dos problemas do povo mas não circula sua produção fora da acadêmica, também não interessa(na prática ele zela pelo elitismo intelectual). Quem seria então o escritor que de fato pode se comunicar com os trabalhadores brasileiros? Para nós este é o escritor revolucionário, que dirige-se á diversidade cultural espalhada pelo território brasileiro: das periferias das grandes cidades aos sertões, a literatura deve ser uma arma humanizadora e portanto questionadora da sociedade de classes.
  Este escritor, proveniente da classe média ou da classe trabalhadora, opta pelos interesses históricos da segunda: ele faz da narrativa o desenrolar sensível de fatos que relatam dentro de uma estrutura etilística os dramas econômicos. Não é mole ser um escritor revolucionário nos dias de hoje... É preciso lidar, por exemplo, com a alienação nos mais diversos ambientes populares. Nas periferias, por exemplo, o escritor comprometido com os interesses da comunidade(sendo em muitos casos ele próprio um morador empenhado em mobilizar politicamente pela sensibilidade) lida com deformações da consciência do proletariado. Ele precisa combater formas culturais que fazem apologia do crime: tais formas são resultados da exclusão econômica e da incomunicabilidade dos governantes atrelados á classe dominante. O escritor enfrenta também alguns discursos religiosos que levam ao conformismo político e á distorção dos fundamentos econômicos que de fato regem a realidade. Por fim, o escritor precisa refletir sobre a violência do Estado e o poder da mídia(esta última adora, em novelas por exemplo, colocar o problema social enquanto curiosidade antropológica...). 
  Escrever demanda um ato de coragem, de expor, denunciar e revelar a realidade afim de transforma-la. Seriam estes os " velhos apelos intelectuais do marxismo ? ". Sim, não podemos nos intimidar com reacionários de plantão: o escritor, gostem ou não, possui uma ideologia. A dimensão ideológica da obra literária revolucionária é, junto ás necessidades formais, preocupação central do escritor engajado.


                                                                                          Geraldo Vermelhão
  

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