O Teatro da Experiência, de Flávio de Carvalho, permanece enquanto ponto chave para uma atividade dramática que funciona enquanto laboratório da carne liberta. Tendo sido fechado ainda nos anos trinta pelas autoridades sob a velha ladainha de subversão e devassidão, este espaço consagra uma dimensão política do teatro pouco verificada em nossa História: tirando poucos grupos como o lendário Oficina, pouca gente ainda entende o teatro enquanto espaço reformulador da condição humana.
Para aqueles que concebem o teatro enquanto meio de emancipação, é preciso ir além da obviedade da mensagem política mastigada. Afirmamos isso porque existem muitos companheiros que se ocupam do teatro político e entendem a própria força política do teatro apenas no texto dramático, que existe em um cenário " pobre " ou anti-ilusionista. Não se confundindo com literatura, o teatro anda com suas próprias pernas, sendo o texto apenas uma de suas dimensões. Longe de nós atacarmos quem faz este tipo de teatro: estamos apenas dizendo que o teatro pode ser mais, muito mais em sua natureza revolucionária. Palavra, corpo, cenário, maquiagem não podem ser descolados. Atingir os sentidos do homem moderno, inseparável da sua capacidade de pensar e nomear a realidade, exige coloca-lo em situações que o arranquem da sua passividade; portanto o engajamento não é apenas verbal mas corpóreo. Se desejamos que os trabalhadores sejam transformados pela experiência cênica, devemos " faze-lo gritar " como pregava Artaud. Este é o caminho para que o espectador não seja apenas mero espectador de peças, filmes, propagandas, novelas e....... Futebol.
Os Independentes
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