A menção ao conceito de hegemonia dos trabalhadores, feita dias atrás por Lucinha, é da maior importância. Esta questão passa necessariamente pelas condições técnicas de nossa cultura, em especial pela questão do audiovisual. Sabemos que vários companheiros empenham-se em projetos para realizar e circular a produção de vídeos populares e também de projetos acerca de TV`s populares, controladas por trabalhadores: estes estabeleceriam sua programação mediante as necessidades culturais dos bairros populares. Esta tomada de consciência que deve alastrar-se pelos próximos tempos, contempla a necessidade de referências estéticas cinematográficas; e o legado de Eisenstein, por exemplo, está aí pra isso.
O pensamento cinematográfico de Serguei Eisenstein possui um grande sentido de desobstrução das formas digitais de alienação. Se a indústria cultural esforça-se para perpetuar o cadáver de uma cultura autoritária, dividida de modo vertical entre produção de massa e consumidores alienados, a estética do cineasta soviético, relida pelas câmeras digitais, tem como objetivo a reflexão crítica: o percurso do pensamento dialético entre tese, antítese e síntese assinala para o entendimento de diversas situações cotidianas. Portanto, os mesmos companheiros engajados no audiovisual em comunidades populares, devem exibir e debater com os jovens realizadores, os principais filmes de Eisenstein. Frutos revolucionários deverão nascer deste tipo de convivência cinematográfica, contribuindo decisivamente para a construção da hegemonia dos trabalhadores.
Geraldo Vermelhão
Nenhum comentário:
Postar um comentário