A busca por um teatro socialista se dá mesmo quando não ocorrem(ainda) a coletivização dos meios de produção. Por mais distante que possa parecer a chegada do socialismo, sua construção no plano dos valores requer que o teatro seja capaz de redefinir as relações sociais. Um teatro de invenção, aberto ao gosto popular e disposto á pichar com agressividade cênica as falsas imagens da mídia burguesa.
Pode-se dizer que no atual momento, feito de frustração, quando um povo(quase) inteiro submeteu seus anseios mais profundos á bola que rolou pelo gramado e arrancou o caneco das mãos dos brasileiros(mas este caneco mudaria algo, socialmente falando?), o teatro pode ao menos chegar aonde o povo está. Nas feiras, nas praças, nos terminais rodoviários, pessoas olham atônitas, sabendo que algo não vai bem já que a economia dá dentadas em nossos bolsos. Agilidade cênica, falas explosivas e o humor intencionalmente subversivo, podem ajudar na desconstrução das jaulas mentais. Não é tanto que o teatro leve mecanicamente ás mudanças(este seria um raciocínio idealista e não materialista). Trata-se de situar a ação teatral enquanto elemento que integra-se á realidade do proletariado brasileiro.
Acreditamos que as lições de gente como Maiakóvski e Meyerhold no terreno teatral, são valiosas para um teatro de agitação no Brasil. Talvez a maior lição do teatro soviético seja exatamente a teatralização da vida, da rotina. Ao atuarmos na direção do socialismo, os papeis impostos pelo capital perderão o seu sentido de ser.
Geraldo Vermelhão
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