quarta-feira, 16 de julho de 2014

O verdadeiro cinema nacional apresenta os problemas do país:

Na grande leva de filmes nacionais, poucos são aqueles em que de fato exprimem um olhar concreto sobre o país. A câmera é um instrumento que não apenas decifra mas disseca as contradições gritantes do Brasil. Definitivamente não consigo entender como alguém que se ocupe da função de cineasta possa fugir deste dever ético e estético.
 Banalizou-se muito o realismo. Como Lucinha já escreveu por aqui, existe hoje um cinismo pequeno burguês que faz do realismo um apelo para fetiches em filmes policialescos e de tramas individualistas que fazem do " suspense " um ofício conservador. No entanto, como fugir do realismo? Se no documentário os fatos que cercam o território brasileiro impõem-se como realidade crua, no caso da ficção é preciso fazer enxergar aquilo que a classe dominante oculta: gente faminta, sem saúde, numa modernização aonde produtos de multinacionais existem aonde não existe saneamento básico. Não podemos fugir do realismo, mas este requer um discurso político em que se faz uma opção de classe.
 O cinema brasileiro atual não pode ignorar o próprio país. Não basta o registro fílmico mas a imagem que capta o movimento histórico que exige o fim das desigualdades sociais.


                                                                                                   Lenito

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