quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A importância do romance social:

Como venho insistindo por estas bandas, a narrativa literária verificada no gênero do romance, é um importante esforço para se estabelecer elos, ligações históricas entre o micro e o macro. Na sociedade da alienação, cuja a dinâmica cultural acarreta na inversão da consciência, o romance reata a imagem do humano estilhaçada pelo capital. O romance interessado, comprometido, engajado, etc, não deve ser encarado sob o ponto de vista político como um passatempo, mas sim enquanto um instrumento cultural a serviço da consciência política da classe trabalhadora. É preciso fazer com que estes romances não fiquem nas mãos da pequenas burguesia, mas que atinjam em cheio a sensibilidade dos trabalhadores brasileiros.
 Quando alguém decide escrever romances, isto pode envolver diferentes motivações: para muitos estas são essencialmente individualistas e narcisistas. Para outros trata-se de uma questão política, do caráter acentuadamente social, da vontade se comunicar através de representações sociais, que enquanto produto literário, reivindica o fim da sociedade de classes. No Brasil de hoje, quando os olhos plastificados da classe média se recusam a olhar(e sentir) os problemas econômicos e as carências sociais que tomam conta da vida dos trabalhadores(seja no sudeste ou no nordeste, ou em outras regiões do país), o romance social deve impor-se enquanto força cultural de oposição ao capitalismo. Contra uma opinião pública fundada nos interesses da propriedade privada e do lucro desenfreado, a literatura de esquerda torna-se indispensável justamente por evocar os problemas concretos do povo brasileiro.


                                                                                Lúcia Gravas

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