A poesia é um alimento fundamental para a política não se distanciar do desejo. Enquanto seres desejantes, nos projetamos na direção emancipadora do socialismo. Este objetivo político permitirá, como disse Trotski, que tanto o pão quanto a poesia sejam direitos de todos os seres humanos. Ou seja, a luta pela coletivização dos meios de produção é o que pode fazer emergir uma nova cultura: um sentido profundo de beleza irá conduzir a vida humana, cujos conflitos não serão mais de ordem econômica. Existem indícios para esta conquista política no Brasil, e em outros países, hoje? Na véspera das eleições(esta não nos levará por si mesma ao socialismo, mas é inegável sua contribuição para construirmos uma ampla organização política popular) a esquerda diverge sobre as estratégias a serem usadas para chegarmos ao norte socialista. Mas paralelamente aos esforços da militância política, não podemos deixar de perder de vista algo não menos importante: a necessidade da poesia para a emancipação humana.
Não é tanto o poema que fala de ideias políticas progressistas, mas a poesia enquanto portadora de uma nova consciência, de uma nova atitude que recusa os valores e as práticas da classe dominante. Exteriorizar os abismos do sonho e do amor por exemplo, contribuem indiretamente para construirmos uma cultura no sentido socialista: combater a linguagem da dominação através da poesia ajuda a despertar uma outra realidade. É esta mesma realidade do desejo que a poesia e a luta socialista esforçam-se por construir. Além da disputa eleitoral, útil na denúncia contra as forças políticas conservadoras, a esquerda(de um modo geral) deveria ler mais sobre poesia. Deveriam conhecer, por exemplo, a perspectiva poética revolucionária de gente como André Breton.
Os Independentes
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