As limitações do cinema político encontram-se em boa parte no seu público. Intelectuais de classe média não são em sua maioria, os espectadores adequados para filmes de contestação social. Se o intelectual não faz a opção política pela classe operária, sua relação com o cinema torna-se apenas uma extensão cultural do seu universo político conservador. É preciso ampliar o público que receba filmes que estimulem não o debate pelo debate, mas o debate que se resolva na necessidade de abolir o capital.
Sendo os intelectuais de esquerda minoritários, estes precisam se dirigir aqueles que não podem ser apenas objeto dos filmes: os trabalhadores. Um cinema ancorado na dialética marxista, só pode se desenvolver mediante as necessidades culturais de um público proletário. A construção deste público depende de oficinas e mostras de filmes nas periferias das cidades brasileiras. Além de estimular a produção entre autores cinematográficos de origem operária(o que se dá por exemplo em oficinas), a exibição de filmes possibilita a educação estética dos mesmos. Tendo como portas de entrada sobretudo as escolas públicas, tais iniciativas podem fazer germinar uma cinematografia que arranque das telas o conservadorismo pequeno burguês.
José Ferroso
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