quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Marx exige a valorização da Estética:

Entre preguiçosos e canalhas, entre liberais e pós-moderninhos, é comum ouvirmos: " Marx preocupou-se somente com Economia Política e não com arte ". Este comentário feito por pessoas que não se deram ao trabalho de ler o autor comunista, não sofrem apenas de miopia intelectual mas de um ranço teórico que fundamenta o individualismo de muitos artistas. Contrariando esta gente que infesta a imprensa, a universidade e as escolas, é preciso mostrar que Marx não apenas considerou as questões culturais a partir do materialismo,  mas legou um método que exige a valorização do campo estético.
 Já no clássico Manuscritos Econômicos Filosóficos, de 1844, Marx afirma que " A percepção sensível deve ser a base de toda ciência. Só quando a ciência começa pela percepção sensível na sua forma dupla da consciência sensível e da necessidade dos sentidos - quando a ciência começa pela natureza- ela é verdadeiramente ciência ". Sem querer adentrar aqui pelos problemas que Marx levanta para a atividade científica, fica evidente que se o conhecimento depende de uma percepção sensível sobre a realidade, a Estética é uma dimensão eleita para tratar da interpretação e da transformação da realidade. 
 O que difere Marx de outros pensadores dispostos apenas a interpretar o mundo, é que o pensador alemão era um homem voltado para a práxis; ou seja o cara era um militante revolucionário. Se antes da moral existe o estômago(como frisou Brecht) é  porque o conjunto da superestrutura nasce da realidade concreta; e nesta concepção filosófica, a arte está longe de ser uma entidade metafísica que paira sobre o indivíduo. A criação artística decorre da realidade material pré-existente, sendo os sentidos humanos que apreendem a arte, construidos historicamente, isto é, na realidade material. É lógico que isto não faz da obra de arte uma mera extensão temática do fato econômico. Mas se consideramos que a realidade econômica, política,social(e portanto sensível) do homem pode ser modificada, então o marxismo revela a função da arte do nosso tempo: lutar pelo fim da sociedade capitalista. Existem vários caminhos para comunicar esta necessidade de libertação do homem. Paralelamente, a crítica marxista que não é maleta, deve combater os mecanicistas que imobilizam  materialismo dialético: alguns marxistas caem na tentação burguesa de achar que a análise da arte depende de uma relação mecânica entre infraestrutura e superestrutura. Estes chatos de galocha adoram entiquetar de " idealistas " aqueles que não se enquadram no seu modelito economicista. Coitados, não sabem que são stalinistas...
    Embora Marx não tenha desenvolvido nenhuma Estética em particular, seu pensamento exige um tratamento aprofundado do assunto. Quem considera Marx economicista é porque além de desconhecer a dialética, não leu Marx.

                                                                                      Os Independentes

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