quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A luta de classes no teatro:

O palco teatral pode ser concebido de diferentes maneiras. Ele pode ser um guarda chuva para que o público pequeno burguês possa se proteger dos graves problemas sociais. Pode ser encarado também enquanto consultório médico para exteriorizar fantasmas pessoais ou ainda como um grande espelho, no qual a mesquinhez do texto rasteiro(geralmente ao gosto de padrões bestiais de humor) permite que a classe média veja a si mesma(e se sinta protegida). Mas o palco também pode ser uma tribuna, na qual os atos de uma peça teatral tornam-se um chamado para o debate político. Este é o teatro que pode realmente contribuir com a classe trabalhadora brasileira.
 O teatro é um meio de reflexão, uma extensão de gestos, pensamentos e sentimentos através dos quais as graves questões históricas ganham forma. Existem inúmeras estratégias cênicas para isso, e como já me referi em um artigo recente, teatrólogos como Brecht e Piscator, oferecem plataformas estéticas que ainda não foram superadas. " E por que não? ", indagaria um ator que é tomado pela forma e despreza o conteúdo. Porque enquanto a sociedade capitalista existir, e logo impor uma organização do trabalho, na qual alguns poucos são proprietários e outros tantos são instrumentos, o teatro não pode fugir da sua responsabilidade de problematizar a realidade concreta; e é exatamente a luta de classes o eixo político atual que permeia a obra destes dois nomes fundamentais do teatro político alemão. Caso a dinâmica histórica seja desprezada, é a própria arte teatral que corre o risco de ser mais um cabide para a cultura da alienação. 


                                                                                             José Ferroso

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