segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O artista politizado não tem medo de bandeira:

Como é recorrente ouvirmos artistas, curadores e críticos se referirem ao caráter político da arte como algo vago, para não dizer despolitizado. Para muitos deles a obra de arte pode exprimir temas políticos e questões sociais, mas desde que o artista " não segure nenhuma bandeira ". De que se trata? Para estas pessoas, o olhar do artista está isento de ideologia política, sendo que a sua obra exprime tão somente " um olhar individual ". Portanto na obra de arte, a apreensão pessoal não revela nenhuma tomada de posição sobre o problema político. A obra de arte não representaria/comunicaria nenhuma perspectiva que se relacione com a transformação da sociedade. Perante este absurdo, se faz necessário dizer que o artista quando compenetrado no universo social,  inevitavelmente exprime uma ideologia: e esta não é pessoal, pois ela se relaciona com as formas de consciência política numa determinada realidade social.
 Em arte a perspectiva pessoal passa pelo estilo de composição, pela pesquisa plástica que diz respeito ao trabalho de um determinado artista(ou de um determinado grupo de artistas). Isto tudo, sem dúvida, não pode ser atropelado ou desconsiderado na criação artística. Mas todos estes pressupostos, não são em nada diminuídos em importância estética  quando o artista possui consciência política revolucionária e decide exprimi-la na sua obra. A arte que se propõe politizada não pode se contentar com o lugarzinho seguro daqueles que se protegem na sua "ilha pessoal ". O artista que não nasce e morre dentro de si, não tem medo de segurar bandeira.

                                                                                Geraldo Vermelhão   
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário