(...) Queríamos, e eu especialmente quero, desenvolver o que se chama de Cinema Épico como refutação do cinema do psicologismo e do moralismo. Procurávamos assim fazer um cinema antimoralístico porquanto revolucionário. Procurávamos colocar em foco as contradições do tema e as relações entre os personagens sem romantismo revolucionário e sem oportunismo revolucionário. O Cinema Novo nunca foi ligado a um partido ou a uma organização política ; tratava-se de um grupo no qual muitos diretores e intelectuais se constituíam eles mesmos em um movimento de prática política. Sabendo bem que no Brasil não existia nenhuma tradição cinematográfica, necessitava criar tudo desde o princípio.
O que acontece na Europa é diferente: tem que se levar em consideração que o pensamento marxista na prática cinematográfica se desenvolveu na Europa capitalista praticamente nos anos 60, quando alguns intelectuais franceses redescobriram Marx, mas os diretores não faziam filmes dialéticos e sim filmes retóricos com conteúdo marxista.
Glauber Rocha, 1975.
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