quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O Comunismo não pode ter medo da Arte:

O artista chinês Ai Weiwei ainda é constantemente vigiado pelas autoridades chinesas. Não está em questão se ele é de esquerda ou de direita, mas as razões que levam o Partido Comunista Chinês a proceder em uma política cultural que nada tem a ver com os pressupostos teóricos do marxismo. No seu ateliê em Pequim, por volta das 9 h da manhã, Ai Weiwei elabora arranjos de flores na cesta de uma bicicleta. Curiosamente, com estas obras inofensivas(que no máximo remetem a uma crítica sutil ao governo) ele não possui mais passaporte desde a sua prisão em 2011. Mas mesmo tratando-se de suas obras anteriores, mais polêmicas, nada ingênuas e tremendamente provocadoras, seria o governo chinês incapaz de lidar com a arte contemporânea? Por que o país mais populoso do mundo, que traz em sua História a vitoriosa Revolução de 1949 que implementou o socialismo, teme a obra de um artista a ponto de controlar seus movimentos? Dentro do marxismo não existe nenhuma justificativa para isso. Mesmo se um artista possui intenções ideológicas de conspirar contra um governo dito socialista, o Partido não deve reprimir mas promover um debate público sobre as implicações estéticas das obras de arte em questão. Deste modo, o aspecto crítico revolucionário ou as intenções reacionárias das obras são esclarecidos para toda a população.
  Do ponto de vista revolucionário, o problema deste controle policialesco sobre a arte na China, é o fornecimento de munição para que a imprensa capitalista mundial faça uso disto para desmoralizar o socialismo. A língua afiada e bem paga da imprensa burguesa advoga que no capitalismo a arte é livre e no socialismo não. É preciso desfazer este engano, pois os verdadeiros comunistas além de não temerem a arte, encontram nela uma aliada histórica para os objetivos políticos comunitários. Mas seria a China realmente socialista? A repressão no campo da cultura geralmente exprime os erros políticos do governo chinês. Uma situação dicotômica é revelada quando o histórico isolamento da Revolução chinesa acarretou a partir do final dos anos setenta na abertura econômica e consequentemente na entrada do capital(alguns falam que na China de hoje existe classe média e mais valia), ao mesmo tempo em que o Partido vigia implacavelmente a vida cultural. Pois bem, o futuro do socialismo chinês depende de uma reavaliação dos rumos políticos e culturais do país. A arte não pode ser vigiada, mas estimulada enquanto fonte de crítica social: cabe estabelecer quando esta crítica contribui para a construção do socialismo ou torna-se propaganda burguesa. Esta é a missão dos artistas socialistas chineses que desejam liberdade mas que não podem aceitar o velho jogo do imperialismo.


                                                             Geraldo Vermelhão

Nenhum comentário:

Postar um comentário