O olhar vendido do espectador brasileiro vem rendendo elogios apaixonados ao cinema brasileiro comercial da atualidade. Este cinema de olhos e bolsos impregnados de valores hollywoodianos, gera renome internacional para filmes que ilustram o abandono da crítica marxista e a conversão de cineastas em meros comerciantes. Para o cineasta revolucionário isto não interessa: a luta para criar espectadores politizados vem em primeiro lugar. Colado em cinematografias revolucionárias, tais como aquelas encontradas no cinema soviético, o cineasta engajado depara-se com a magnitude de Pudovkin. Sendo ele um dos maiores nomes do cinema na ex-URSS, Pudovkin precisa ser mais comentado, mais assistido e mais analisado pelos comunistas brasileiros.Pudovkin foi um artista consciente das possibilidades dramáticas e políticas do cinema, não se deixando levar pelas modas vanguardistas dos primeiros anos da Revolução bolchevique. Para ele o uso preciso do material literário e teatral incorporados á linguagem cinematográfica, proporciona um espetáculo popular e revolucionário. Sua obra está de igual pra igual com Eisenstein, Vertov, Dovzhenko e outros autores soviéticos.
Pudovkin soube como ninguém traduzir as exigências realistas de Górki para á tela: em A Mãe(1924) , adaptação cinematográfica do texto de Górki, o processo dramático de politização de uma mãe operária está em questão. Após colaborar com a investigação da morte acidental do seu marido, um ferreiro pelego(morto acidentalmente por um militante durante uma perseguição), a mãe acaba por entregar seu filho ás autoridades, julgando estar agindo bem. A injusta prisão do seu filho, parte de uma grande perseguição aos militantes revolucionários, a leva para á luta proletária, para o conflito com as autoridades que representam um Estado opressor. Caberia destacar aqui que a proposta realista do filme ganhou densidade dramática com a interpretação da atriz Vera Baranovskaia, pupila do grande teatrólogo russo Stanislavki.
Outro longa de Pudovkin que merece destaque é Tempestade Sobre a Ásia(1928). No filme, um jovem mongol pertencente a uma família de caçadores nômades, entra em conflito com capitalistas invasores. Mas após ser identificado como um possível descendente do guerreiro Genghis Khan, os líderes representantes dos interesses do capital estabelecem um jogo político e procuram cooptar o jovem mongol. Ao se rebelar contra os dominadores capitalistas, o jovem mongol extrai da força da sua cultura uma identificação com os bolcheviques que lutavam na região. Um grande poema épico é composto por imagens cinematográficas: povos explorados, independentemente da sua cultura de origem, estabelecem uma grande guerra, uma grande tempestade contra o capitalismo.
Atentos á cinematografia de Pudovkin, os cineastas brasileiros revolucionários precisam criar histórias em que os grandes conflitos dos oprimidos da História brasileira tornem-se filmes.
José Ferroso
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