sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Amado Duchamp:

Marcel Duchamp é o máximo justamente porque ele implodiu o gosto burguês em arte. Tá legal, os capitalistas e os acadêmicos podem até mercantilizar/esvaziar o ready made, mas não conseguem disfarçar o deboche e a revolta contra a institucionalização da arte. O ready made, o mictório que mija na cara dos cifrões e dos padrões expressivos pré-determinados, é  coisa que em si que invalida qualquer sentido comercial e que ao mesmo tempo desconstrói por completo o conceito de obra de arte. Antiarte: Duchamp é de fato independente de programas e classificações estéticas: nome fundamental do Dadá e do Surrealismo, Duchamp ainda ensina a jogar todos os valores burgueses na lata de lixo.
O cara altera qualquer discurso estabelecido por uma " ética iconoclasta "  que não tem nada a ver com as picaretagens de muitos artistas contemporâneos. Mesmo que reivindiquem sua influência ou herança, vários artistas de hoje habitam a superfície e não a profundidade libertária deste provocador francês.  A provocação de Duchamp não pode fazer qualquer concessão ás normas de galerias, não cabe em leilões porque implode com selvagem elegância os padrões expressivos contaminados. Acredito que se alguém deseja criar modos expressivos que neguem a cultura dominante, deve sair da lenga lenga discursiva e assumir a contestação  pela reordenação dos objetos que atingem os sentidos.Quem levar Duchamp para dar um rolê vai descobrir a inutilidade da mercantilização das obras obras de arte. 

                                                                        Marta Dinamite 

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