domingo, 12 de janeiro de 2014

Arte enquanto piquete:

Se a arte formalista traz a inutilidade, a redundância sobre si mesma, perecendo que nem fruta podre na árvore da cultura, o protesto político também não pode alçar voo se ficar na previsibilidade da linguagem corriqueira. Para atingir os sentidos humanos, para orientar o aparelho perceptivo num sentido combativo, não basta depositar a velha " fé iluminista " numa linguagem racionalista; ainda que seu conteúdo seja verdadeiro(a denúncia da exploração econômica por meio de panfletos e o clássico grito de megafone) ele não se comunica com a carne humana adormecida.
  Para fazer os ossos acordarem e os órgãos cantarem na marcha das reivindicações sociais, temos que ganhar aonde o capital conquista: o terreno estético precisa ser capinado para a luta política. Não subestimem as sofisticadíssimas propagandas capitalistas que dão vida ás mercadorias e fazem os brasileiros pensarem que basta ter um par de chuteiras, uma bola e uma bandeirinha verde e amarela para estar integrado á coletividade. Um leitor de orelha do marxismo poderia vociferar dizendo que se a infraestrutura balança a superestrutura " cai ". Além da coisa toda não ser nem um pouco mecânica, a superestrutura já deu demonstrações históricas de que não é tão fácil varrer para fora da História a sujeira da cultura dominante.
É claro que não podemos recorrer as mesmas artimanhas do capitalismo, pois afinal de contas, nosso objetivo não pode ser o de manipular mas de esclarecer e instruir. A arte pensada como ferramenta de luta a partir de si mesma, isto é do seu funcionamento interno que lhe confere uma natureza expressiva particular, pode ajudar e muito neste ano cheio de protestos previstos. Continuaremos a estimular a pesquisa estética dentro das mais variadas organizações políticas e culturais comprometidas com a emancipação dos trabalhadores. O itinerário pode ser longo(e até ingrato) mas é parte da construção da luta política que não pode mais se separar da luta cultural.


                                                              Os Independentes  
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário