(...) A s grandes aberturas e as revoltas de todo gênero na vida do espírito e da técnica de nosso tempo tem acelerado de novo o ritmo do pulso mundial. Não nos basta o tempo. Por isso em tudo queremos brevidade e exatidão. Fazendo valente contrapeso ao decadentismo, do qual o maior indício são a vaguidão e o excesso de sal na revelação dos detalhes, colocamos a compreensão, a profundidade e o brilho. E sempre em tudo buscamos apenas a grandiosidade das escalas.
É mentira que não sabemos rir. Em nós não há, no entanto, o torpe, por assim dizer, riso amorfo do cretino. Mas é nos conhecido o riso curto e esbelto da pessoa culta, que tem aprendido a olhar as coisas para baixo e para dentro.
A profundidade e os extratos, a brevidade e os contrastes! Desliza pela cena o Pierrô pálido de pernas longas, e o espectador imediatamente adivinha nesses movimentos a tragédia eterna do homem que sofre em silêncio e em seguida já se põe em cena a arlequinada animosa. O trágico muda para o cômico, a sátira aguda atua ao lugar da musiquinha sentimental.
Vsévolod Meyerhold, 1912.
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