terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A batalha da literatura de esquerda:

É recorrente ouvirmos, mesmo entre pessoas de " esquerda ", afirmações equivocadas tais como " se o povo mal sabe ler, por que insistir em uma literatura de contestação social? ". Este tipo de raciocínio, sugere que a experiência com a palavra escrita seja algo quase que exclusivo do universo cultural da classe média e da burguesia. Isto não é verdade na medida em que o texto impresso, também é parte do ambiente proletário. Entretanto, a palavra escrita insere-se no conjunto de uma produção popular que a grosso modo não estabelece vínculos entre literatura e os problemas sociais; aliás entre jornais sensacionalistas, publicações que exprimem fundamentalismo religioso e uma literatura que retrata a indústria cultural, a palavra escrita em seu lastro popular parece não acompanhar uma literatura de cunho social. Exceções existem, é verdade: romances, contos e poemas que compõem as chamadas literatura periférica e prisional, que o digam. Mas mesmo com estas poderosas expressões de literatura popular e engajada, é fato que a leitura de obras literárias contestadoras, é parte da realidade de um pequeno setor da classe média.
 Pois bem, a questão não é se a classe trabalhadora  lê ou não lê, mas o que ela lê. Para que a literatura empenhada em fazer uma leitura crítica capaz de desvendar e problematizar(via ficção, por exemplo) os problemas concretos do povo adquira relevo, deve-se aprofundar um processo educativo que a tome como hábito incorporado ao conjunto da vida cultural popular. Sim, não é a primeira vez que escrevo sobre isso. Também não é a primeira vez que chamo a atenção para o fato de que é responsabilidade da esquerda, fazer uso dos diferentes meios e espaços para difundir aquilo que podemos classificar de uma produção literária de esquerda. Mas, é preciso insistir nisso se quisermos que a literatura sobre os trabalhadores seja lida pelo povo e não por pessoas que defendem(mesmo que neguem) as diferenças de classe. 


                                                                                             Lúcia Gravas
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário