segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Os manifestos do Modernismo brasileiro:

Rever criticamente a trajetória do modernismo brasileiro, implica em conhecer sua própria linguagem. Diante disso é muito oportuno que se leia o recém lançado livro A Palavra Modernista: Vanguarda e Manifesto, de Pedro Duarte(a obra saiu pela Casa da Palavra). O autor investiga a escrita modernista a partir do manifesto, ou seja, o formato privilegiado pelas vanguardas artísticas do século XX para exprimir projetos estéticos que visavam romper com as tradições culturais da sociedade burguesa. Investigar as plataformas teóricas do nosso modernismo, é um percurso que encontra no manifesto sua principal porta de entrada: em revistas como a barulhenta Klaxon, é que observamos a presença destes documentos de agitação e provocação. Porém, há de se convir que a revolução modernista conheceu sérios limites de classe: intelectuais e artistas bem abastados promoviam importantes formas de rebelião estética, mas ignoravam a revolução em seu sentido político mais profundo.  
 A renovação  de nossas letras e artes, deu-se durante a década de vinte dentro de um verdadeiro balaio de gatos: escritores e artistas unidos em torno de uma concepção moderna e bastante idealista do que seria uma arte nacional, possuíam concepções estéticas e políticas distintas. Neste sentido embora existisse um sentimento unânime de ruptura, notamos interpretações contrastantes para os caminhos de uma arte moderna autenticamente brasileira: entre Oswald de Andrade e Plínio Salgado, por exemplo,os oceanos ideológicos eram enormes. 
Se a maioria dos modernistas ignoraram o movimento operário, a coisa toda iria mudar quando alguns dos seus quadros mais radicais encaminham-se no final dos anos vinte, para a luta política de esquerda: Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, Patrícia Galvão e Tarsila do Amaral, não tardariam em compreender que era preciso romper não apenas esteticamente, mas politicamente com a classe dominante. Sendo assim, na hora de olharmos para os manifestos do nosso modernismo, saibamos identificar os sinais das tendências que contribuem historicamente com o questionamento dos valores artísticos e políticos da classe dominante.


                                                                                          Geraldo Vermelhão

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