quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A herança punk contra um " governo de esquerda ":

Ao lembrarmo-nos do derradeiro show que a banda de punk rock inglesa The Sex Pistols realizou nos EUA em janeiro de 1978, acabamos por perceber que a estética punk não ficou nos anos setenta: ela ainda é expressão de artistas e jovens enraivecidos contra a democracia burguesa. Nossa companheira Lúcia Gravas indagou-se, em artigo publicado antes de ontem no nosso blog,  sobre o tipo de política cultural que deverá ganhar espaço dentro da esquerda no Brasil neste ano. Adianto-me em dizer(mesmo correndo todos os riscos contidos nas " previsões ") que não será entre aqueles que apoiam o governo que surgirão as inovações culturais de esquerda. Perante o tipo de política econômica do governo(baseada num aperto de cinto em que os trabalhadores é quem ficam sem ar), creio que as práticas e manifestações culturais voltadas para o questionamento da sociedade capitalista, irão partir cada vez mais de militantes e artistas independentes. O fato da autogestão ser a marca registrada de uma política cultural que não aceita mais a aliança entre burguesia e classe operária, deverá fazer da precariedade(e portanto da recusa de verbas públicas)  um principio estético na revolta simbólica contra o status quo; e nada melhor e mais influente do que o punk para isso. 
Existe um claro sintoma histórico no fato das principais manifestações de rua puxadas por anarquistas e pela esquerda independente, conterem muito da linguagem estética de origem punk. Trata-se de um conjunto simbólico de natureza juvenil, que não aceita o fato dos trabalhadores  sofrerem com a crise econômica. Uma arte rebelada, nascida da estética punk, deverá ganhar presença ao longo deste ano.


                                                                                                               Tupinik

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