quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O Surrealismo perante a luta de classes:

Um cenário político conservador vem ganhando terreno nos dias de hoje . Enquanto que no âmbito nacional os conflitos de classes pipocam em tempos de crise econômica, na Europa a extrema direita anda tirando a suástica do armário. Se o ano de 2015 promete ser tenso, como a arte pode contribuir para a exposição das inquietações dos homens que lutam contra a sociedade alienada? A orientação do surrealismo, como vem sendo sustentada particularmente por nós neste periódico, pode parecer aos olhos dos nacionalistas de esquerda um " exotismo de classe média ". Nada mais falso: o surrealismo é uma posição revolucionária atual, cuja presença é indispensável no seio da luta de classes. Se para a régua acadêmica(que divide a cultura pelo historicismo) o surrealismo seria conversa francesa do século XX, é porque os intelectuais de gabinete não entendem o poder de fogo que a poética surrealista possui na civilização burguesa dos nossos dias. Um poeta ou pintor surrealista não está interessado em novidade, mas no " novo mais profundo ": é no inconsciente, isto é no território do desejo, que o novo deve ser buscado.
 O que necessitamos hoje são de obras que rompam com a razão burguesa através de imagens violentas, incontrolavelmente poéticas, selvagens. A arte pode enfeitar ou destruir a moral estabelecida. No caso do surrealismo, cujas lições encontram-se na História do movimento surrealista(que ainda pulsa, que ainda está rolando), a arte é um meio que serve para violentar as restrições e o conjunto de regras que fazem a rotina conformista andar. Se existe algo na vida cultural que pode fortalecer as lutas dos trabalhadores do Brasil e do mundo, é o cultivo dos ovos de onde nascem imagens coloridas pela revolta plástica.


                                                                                                   Os Independentes

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