terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sartre e o escritor rebelde

Cinco décadas após o escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre recusar o prêmio Nobel de literatura, recai sobre nós uma pergunta que poucos intelectuais se fazem hoje: por que escrever? O poço de vaidades que enche o crânio dos intelectuais de classe média, proporciona respostas superficiais, quando não bem ensaiadas. Para uma boa parte da geração de Sartre , a motivação da escrita era bem outra: escrever implica em considerar a existência do leitor e logo de um indivíduo que concebemos como livre. Para o existencialismo, viver em um estado de não liberdade só pode fazer com que o escritor escreva sobre as lutas pela libertação, exprimindo uma posição política contrária ao sistema capitalista. Esta é a causa maior da escrita de Sartre, que valendo-se dos gêneros do romance, do conto, da dramaturgia, além do próprio ensaio filosófico e da atividade jornalística, questiona o conjunto das formas de opressão do mundo contemporâneo.
  A atividade do escritor engajado, que pressupõe a figura do intelectual rebelde, não admite bajulações e nenhuma forma de institucionalização da obra literária. Servir-se da palavra para fazer sua a causa dos oprimidos, é o que deve bastar para o escritor comprometido com os problemas do seu tempo. No caso de Sartre em particular, denunciar o nazismo, divulgar as ideias de Che Guevara e as lutas do terceiro mundo,  e ainda combater a moral burguesa, compreende o itinerário de um escritor engajado(e para o filósofo existencialista, este é o cerne da questão) .


                                                                                                          Lenito 

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