segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A política cultural e as posições da esquerda:

Com a posse do ministro da Cultura Juca Ferreira, levanta-se mais uma vez as diferentes apreensões que as organizações políticas de esquerda fazem da cultura no Brasil. A militância cultural sob o ponto de vista socialista, não possui um único parecer sobre a dinâmica da produção artística: enquanto que redes de organizações culturais defendem o uso da captação de recursos via governo federal, outros grupos optam pela autogestão que proporcionaria independência política/ideológica frente ao Estado capitalista. Portanto, entre defensores do governo do PT e aqueles que possuem vínculos políticos com partidos que não compactuam com as práticas do mesmo, existem maneiras distintas de influenciar a realidade política por meio da produção cultural. Mas num contexto histórico tremendamente hostil ao projeto socialista, como ambas as posições podem avançar em termos de política cultural?
 Em mais de uma década de governo, o PT certamente diferenciou-se das políticas culturais dos governos anteriores. Apesar da tensão política interna, entre aqueles que foram diferenciados como " marxistas e tropicalistas ", o fato é que o Ministério da Cultura dialogou com as bases produtoras de cultura(estas conseguiram viabilizar vários projetos). Os Pontos de Cultura, movimentos de Mídia Livre e redes como o pessoal do Fora do Eixo, seriam expressões organizacionais  que vinculam-se ideologicamente aos governos de Lula e Dilma. Porém, outros coletivos identificados com programas políticos que defendem a independência política da classe operária na luta pelo socialismo, atuaram e atuam através dos seus próprios recursos: foram nas jornadas de junho de 2013 e nos atuais protestos de rua(contrários ao aumento da passagem de ônibus, por exemplo) que encontramos poetas, atores e produtores de audiovisual que não acreditam na aliança entre classe dominante e classe trabalhadora para se produzir uma cultura de contestação social. 
 Será preciso observar as medidas do Ministério da Cultura, em meio ao cenário atual de crise econômica e de patrulha ideológica anticomunista exercida pela mídia burguesa, para medirmos qual estratégia irá adquirir relevo entre grupos de esquerda tão heterogêneos. 


                                                                                                       Lúcia Gravas   

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