Existe um pequeno mas não menos problemático fenômeno: alguns jovens " comunistas ", que nunca colocaram os pés numa fábrica ou sequer frequentam mercados municipais e feiras populares, nutrem uma imagem que culmina na fetichização da classe operária. Cercando-se por exemplo de cartazes soviéticos, estes militantes criam um falso imaginário, que portanto não corresponde ao contexto cultural do operário brasileiro de hoje em dia. A verdade é que estes garotos ainda não se libertaram das características idealistas próprias da pequena burguesia. Ainda que compreendam por exemplo a Revolução russa de 1917 e a produção artística que ela resultou, eles insistem em estereótipos nos quais o proletário brasileiro de hoje não se reconhece.
Mulheres com lenços na cabeça e com saia de camponesa russa, homens de macacão com martelos nas mãos e fazendo uso de quepes, corresponde a um conjunto de imagens do operário europeu do começo do século passado. Se quisermos pensar a imagem dos trabalhadores brasileiros da atualidade, então devemos observar além do evidente aspecto da miscigenação(que foi abordado por nomes combativos do modernismo brasileiro) as novas características visuais que compõem o jovem operário que escuta funk e rap e incorpora-se aos mais variados elementos da cultura popular, sobretudo aqueles provenientes dos estados nordestinos. Ou seja, para representar o povo é preciso ver/conviver com trabalhadores de carne e osso. Compreendendo atentamente a cultura popular brasileira, poderemos avançar numa nova construção da imagem do operário revolucionário.
José Ferroso
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