Dentre as lições revolucionárias do expressionismo alemão, está a ruptura com a imagem enquanto construção naturalista. Isto ainda representa muito, se levarmos em conta que a percepção das massas é até hoje estruturada no cinema comercial e na mídia burguesa como um todo, através das " ilusões verdadeiras" de um convencionalismo naturalista. Sendo assim, um primeiro ato revolucionário no plano da imagem não encontra-se em uma suposta natureza realista do seu objeto, mas numa linguagem que recria o real.
Ernst Bloch está entre os poucos marxistas que valorizaram o caráter revolucionário do expressionismo alemão. Bloch sabia que as formas sombrias e assimétricas não eram produtos de uma imaginação " irresponsável "(rs) ou de um delírio que aliena a imagem da realidade. É a revolta contra o conjunto da cultura burguesa que fez do expressionismo, ainda que nem todos os seus artistas fossem pessoas de esquerda, a recusa de um modo de percepção: é a negação de toda herança burguesa em arte.
Ainda que este debate estético seja próprio do século passado, nunca é demais lembrar que a intervenção artística contrária ao status quo, depende de uma proposta formal que o negue.
Marta Dinamite
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