As resenhas sobre literatura enxugaram consideravelmente na grande imprensa. Mesmo na imprensa especializada, raros são os momentos em que o crítico apresenta um instrumental teórico eficiente para refletir sobre o significado estético e histórico de obras literárias. Críticos competentes existem, é verdade. Mas precisamos almejar mais do ponto de vista analítico. Tenho pra mim que isto deve-se essencialmente ao fato da literatura não ser uma ilha em si mesma, fazendo-se necessário um método de compreensão acerca do texto literário. Creio que o marxismo responde essencialmente a esta necessidade metodológica.
Pouca gente comenta o fato de Marx e Engels terem desenvolvido paralelamente aos seus trabalhos voltados para a Economia Política, críticas e reflexões sobre arte e literatura. A razão para isto não se deve tanto ao fato de ambos serem homens cultos: estes autores comunistas, pais do socialismo científico, relacionavam a literatura com o processo histórico. Ou seja, a criação literária não pode ser compreendida fora de um modo de produção. O fenômeno literário é assim parte integrante de uma totalidade histórica, sendo o escritor um participante ativo da própria História. Uma extensa tradição de críticos e estetas marxistas, deram continuidade a esta evidência imprescindível para a crítica literária, nas mais diferentes direções teóricas.
Se a crítica literária ignorar o marxismo, a tendência é uma reflexão parcial sobre a própria literatura.
José Ferroso
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