Na História da arte brasileira, é comum encontrarmos artistas de classe média pintando cenas populares. Mas quando encontramos trabalhadores pintando trabalhadores e cenas do cotidiano, isto leva ao incomodo de especialistas. Artistas populares são esculhambados pelos críticos nem tanto pela questão técnica, mas pela sua origem socioeconômica. Ou seja, quem é ferrado e sem grana não penetra nos círculos da elite artística. Se hoje ainda é assim, o mesmo já ocorria na década de trinta: o grupo Santa Helena por exemplo, desafiava posições de poder, de classe, dentro da arte brasileira de então.
Composto essencialmente por imigrantes europeus como Francisco Rebolo, Mário Zanini e Alfredo Volpi, o grupo Santa Helena envolvia artistas autodidatas e de origem proletária. Foi Mário de Andrade quem definiu o grupo como sendo o dos " artistas proletários ". E eram mesmo: entre trabalhos manuais, como pintar paredes e exercer funções operárias, estes artistas desafiavam a elite paulistana e seus preconceitos de classe. Dando passeios pelos arredores da cidade de São Paulo, os membros do grupo Santa Helena pesquisavam as cores, as paisagens e os tipos humanos da região.
Em nome de uma cultura produzida por trabalhadores, precisamos valorizar a produção artística dos trabalhadores.
José Ferroso
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