sexta-feira, 28 de novembro de 2014

As lições teatrais de Brecht servem ao cinema político:

O deslumbramento diante das engenhocas do mundo digital, é um dos principais empecilhos para se chegar a uma visão crítica da realidade. Seja diante de um comercial ou de um filme, boa parte do público deseja ser tragado pela imagem. Ver o público sucumbindo diante da experiência audiovisual, a partir de um delírio metodicamente fabricado, é o que todo capitalista deseja para segurar na coleira os consumidores passivos. Para reagirmos contra este avançado estágio de alienação social, coloca-se mais uma vez enquanto projeto estético as lições do teatrólogo alemão Bertolt Brecht.
 Glauber Rocha afirmou, mais de uma vez, que o método de encenação brechtiano é insuperável diante das necessidades de representar os problemas sociais. As técnicas que levam ao distanciamento crítico e ajudam a liquidar todo envolvimento aristotélico, são imprescindíveis para evitar que as pessoas sejam cozinhadas pelas estéticas que trabalham pelo capital. Pensar e se divertir não são noções contrárias, mas aspectos complementares de um espetáculo teatral. Isto pode estender-se para o cinema que não cabe nos estreitos limites do convencionalismo naturalista; aliás é exatamente este mesmo naturalismo que muitos cineastas brasileiros praticam, já que a sua própria formação cinematográfica é reacionária: diante dos filmes hollywoodianos eles estavam bem acordados, mas quando deparavam-se com algum filme de Glauber ou Godard, cochilavam.
  A estética de Brecht aplicada ao contexto audiovisual não é apenas uma escolha, mas uma necessidade política de combate aos hipnotizadores profissionais da era digital.


                                                                                                Lenito 

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