De alguns anos pra cá, observa-se um movimento internacional que contesta o desenho excludente das grandes cidades capitalistas. Ainda que não seja um movimento coordenado, trata-se de um conjunto de manifestações culturais que reage contra o desemprego, a privatização, a falta de moradia e a destruição do espaço público. O ato coletivo de ocupação cultural em praças ou locais abandonados, seja para moradia, acampamentos improvisados ou festas alternativas, corresponde a uma posição política que visa redefinir os espaços de convivência social. É o que vem rolando nos últimos anos em cidades como São Paulo, Nova York, Berlim e outros contextos cosmopolitas.
Se o capitalismo apresenta-se enquanto sistema que explora, descarta, marginaliza e ao mesmo tempo sustenta apelos visuais que manipulam a nossa percepção, as ocupações culturais independentes são acolhedoras, comunitárias e esclarecem o que realmente se passa. É o oposto de uma cultura de shopping center: operários e gente de classe média se misturam em festas, expressam-se artisticamente(cantando e tocando violão, por exemplo) e debatem os problemas do mundo urbano. Aliás, do ponto de vista urbanista, é interessante como locais tidos por " cemitérios urbanos ", por não exercerem uma função econômica que encha o bolso de algum capitalista, tornem-se através de festas alternativas, pontos de convivência cultural.
Esperamos que estas experiências culturais espalhadas mundialmente, contribuam para fortalecer criações artísticas que impulsionam uma sensibilidade anticapitalista.
Marta Dinamite
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