segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Realismo e compromisso político:

A opção pelo realismo não é apenas estética. O realismo implica em posicionar-se diante da realidade social. Logicamente que na História da arte realista(englobando assim literatura, pintura, teatro, cinema, etc), nem todos os artistas eram revolucionários e nem sequer sensíveis quanto aos problemas sociais. A " reprodução do real " esteve a cargo também de artistas conservadores e até aristocráticos. Entretanto, o material humano que o realismo abarca no mundo contemporâneo, apresenta inevitavelmente os confrontos entre as classes sociais. Fotografar uma criança pobre e faminta, pode conduzir a imagem para o humanismo burguês ou para a crítica revolucionária. Separar estas intenções ideológicas na criação de uma imagem, passa pela maneira como o artista reconstitui a própria realidade. Neste sentido o marxismo é a principal ferramenta que permite no plano estético a imagem que não inspira piedade, mas exige a transformação da sociedade.
 O chamado neo realismo que se constitui no pós guerra, ainda possui muito fôlego expressivo. Especialmente no cinema, o neo realismo torna-se uma janela que coloca a cabeça para funcionar, mesmo quando " entretida " pelo filme. Sobretudo o neo realismo italiano, que encontrou em gente como Rossellini , uma forma de desintoxicar e libertar a cultura do fascismo, traz para o campo do cinema uma reflexão viva sobre o social. É portanto esta característica do realismo em denunciar e apresentar as contradições da vida em sociedade, que não pode ser desvencilhada de um posicionamento político de esquerda. 
   As lições do neo realismo servem ainda para os artistas brasileiros. Em oposição aos aparatos estéticos de uma classe média cada vez mais preconceituosa e alienada, o realismo ainda é uma fonte de inspiração.


                                                                                      Lúcia Gravas    

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