Recentemente ouvi um conhecido dizer que a razão para o teatro não ser parte integrante da realidade do proletariado, deve-se ao fato da arte teatral destinar-se a um público mais " sofisticado ". Gostaria de tentar corrigir tamanha equivoco: o teatro é sob o ponto de vista popular, uma forma de arte que se comunica perfeitamente com as massas. Se ele não é parte do cotidiano da maioria dos trabalhadores, devemos então buscar as causas disso na dinâmica cultural e econômica da atualidade.
Em muitos casos, peças teatrais são executadas em espaços caros e geograficamente distante da moradia da maioria da população. Mas ainda assim, existem inúmeros exemplos de teatros em bairros populares e com preços perfeitamente acessíveis. Bem, então qual seria o problema? Há décadas que o teatro perdeu boa parte do seu espaço para os meios de comunicação de massa; e isto agrava-se mediante as tecnologias digitais que em seu uso reacionário reproduzem comportamentos individualistas. Assim como o circo e o cinema, o teatro foi duramente atingido no Brasil por hábitos culturais privados, que adquirem terreno graças a um processo de deterioração do espaço público.Porém, seria hora de declarar que o teatro é parte somente da realidade pequeno burguesa, daqueles que saem para jantar fora e, se der, assistem a uma peça? Creio que é preciso reagir a este fatalismo se quisermos fazer jus ao potencial político revolucionário do teatro.
O teatro concebido enquanto manifestação que se faz em espaços populares, como feiras e praças, ou integrando-se aos contextos culturais da juventude proletária em escolas, é uma necessidade que depende de um projeto político contestador de quem produz arte teatral. O teatro é perfeitamente compatível com a realidade do povo brasileiro. O que está em questão são as estratégias a serem usadas para ele enraizar-se na vida cultural dos trabalhadores.
Lenito
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