Quando uma determinada categoria de trabalhadores está em greve ou participa de uma eleição sindical, as formas de comunicação pela palavra escrita podem ir muito mais longe do que um simples panfleto. Melhor dizendo, o panfleto(assim como o jornal) pode explorar suas possibilidades de linguagem e se converter em objeto literário. O poema ou a prosa(especialmente enquanto conto) não são manifestações metafísicas e tão pouco objetos de mero deleite. Se o trabalhador lê no ônibus, no metrô, no banco da praça ou em qualquer outro espaço, o texto(digital ou impresso) é uma experiência incompleta se não mobiliza a sensibilidade.Tão digno quanto se preocupar com a urna ou com uma reunião de Direção sindical, é varar a noite pesquisando formas literárias que ocupem o espaço cultural do proletariado.
O que precisa ser entendido é que a consciência de classe não é um processo unicamente racional. Entre a frieza dos números e a manipulação publicitária existe a trilha feita de palavras que tocam e decifram o real. Os companheiros precisam ter em mente que as relações entre economia e literatura não se resumem na publicação e no preço de um livro. O texto literário não se furta ao problema socioeconômico quando ele é a expressão viva e sensível de algum determinado setor da luta de classes.
Que a imprensa operária estimule e dê o devido crédito para a produção literária dos seus militantes!
Lúcia Gravas
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