quarta-feira, 16 de abril de 2014

Quem canta pra valer, arrisca a própria cabeça:

Cantarolar pode parecer inofensivo, mas não é. Jogar pelo canto palavras que exigem um outro ritmo da realidade social é uma ação política como qualquer outra. Mais importante do que cantar são as possibilidades sociais do canto: do protesto até a gratuidade das coisas do cotidiano, que mesmo sem portar palavras de conteúdo político podem pelo canto(e pelo corpo de quem canta) fazer troça das convenções burguesas.
 O que seria propriamente cantar no Brasil dos nossos dias? Se todos dizem que somos livres, então a música precisa submeter esta noção superficial de liberdade a um teste vocal: quem canta diretamente das margens, exprimindo a miséria física, moral e sobretudo econômica dos dias atuais, incomoda a festa burguesa. Mas confundindo-se com pedrada, o canto revolucionário atravessa a janela e revela porque o Brasil é colonizado e não é emergente. 
 Em momentos de autoritarismo político, como durante a ditadura militar, a música era uma arma social: dos inúmeros exemplos que chegam na minha mente, estão os Secos e Molhados, que literalmente desafiaram a censura oferecendo na capa do seu primeiro álbum de 1973, as cabeças dos membros da banda. Será que hoje as cabeças dos músicos estão seguras? Se os criadores de musiquinhas ridiculas estão sempre salvos, aqueles que não aceitam as regras do capital cantam para acordar o país. Penso que eles devem promover um canto verdadeiramente livre. Olhando a Copa do Mundo de 1970 e de 2014, francamente: não podemos cantar " Pra Frente Brasil ". A realidade exige um canto revolucionário!


                                                                                        Tupinik 

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