terça-feira, 15 de abril de 2014

Arte Proletária não é coisa de classe média radical :

O nosso blog, mesmo na saudável divergência entre correntes estéticas, vem cumprindo um importante papel ao tentar comunicar dentro da esquerda a importância da arte na luta anticapitalista. Porém, fico preocupado quando observo em várias organizações de esquerda, militantes que não são operários e não entendem a relação cultural libertadora que os trabalhadores devem ter com a arte.É extremamente irritante quando a pequena burguesia, saída dos feudos acadêmicos, decide sustentar uma postura de esquerda. Sim, até que eles são minoritários frente á intelligentsia pós moderna que não consegue mais disfarçar sua clara missão reacionária. Mas no caso dos pseudo marxistas bem perfumados, a alegria própria ás farras intelectualoides, gera muitas tristezas(inclusive no plano da arte). Estas garotas e garotos não deixam muitas vezes de transparecer o seu temperamento elitista, mesmo quando enchem indevidamente a boca para falar em classe operária. O universo mental desta classe média, amamentada pelas besteirinhas da cultura de massa,   é fraco e cheio se aspirações acadêmicas. E olha que eles tentam: dançam samba e maracatu para sentirem " as raízes populares ", frequentam peças teatrais, exposições de arte e mostras de filmes, não raramente soltando palmas como se estivessem em algum tipo de talk show. Eles também vivem obcecados pelo sexo, pelo inconsciente(ah, estes meus amigos surrealistas do Lanterna...). Ainda que eles atuem em algum partido de esquerda e apresentem conhecimentos literários/artísticos de " esquerda ", não conseguem sair de suas igrejinhas, de suas panelinhas de amiguinhos que reproduzem o comportamento da elite acadêmica(esta é uma das grandes inimigas do povo). É exatamente diante disto que venho sustentando aqui a constatação histórica de que a literatura e a arte devem ser, sob o ponto de vista revolucionário, ocupações do proletariado. E neste caso o intelectual originário de classe média, que trai a sua classe e adere aos trabalhadores, pode e deve atuar na divulgação e na agitação da arte revolucionária; esta é a diferença básica entre quem vem da classe média e rompe com o seu universo e quem finge ser comunista.
  Defendo que o Lanterna deve ter como alvo a vida cultural da classe trabalhadora brasileira. Além da divulgação do blog, que já vem sendo feita em escolas e bairros populares, precisamos chegar até ás fábricas e até os sindicatos. Precisamos ajudar na consolidação de hábitos de leitura nos quais o romance, o conto e o poema sejam encarados enquanto instrumentos práticos nas mãos certas. A pintura nas ruas e os vídeos também. É chegada a hora da arte proletária: quem não encarar este fato que volte para suas almofadas.


                                                                                  José Ferroso  
 

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