terça-feira, 22 de abril de 2014

A Revolução Surrealista é parte da Revolução Proletária:

A simpatia e adesão de alguns dos nossos pelo Surrealismo, resultou mais uma vez em críticas superficiais, que apesar de suas intenções " pretensamente marxistas ", passam longe do materialismo dialético. Dizer que o interesse de um poeta ou de um pintor  pelo sexo e pelos assuntos ligados ao inconsciente, não condiz com a arte que se quer revolucionária, equivale a um juízo tipicamente burguês, que separa o desejo da luta política. A posição surrealista perante o mundo, o seu estado de revolta configurado em atitudes contestadoras e em expressões artísticas libertárias, não apenas condiz com os interesses históricos da classe operária como ao mesmo tempo zela pela elevação do debate cultural socialista.
  Não pretendemos opor as concepções artísticas do Surrealismo á outras  maneiras de se entender o papel emancipador da arte. Hoje em dia não existe o menor sentido em defender, em termos artísticos, uma única plataforma em detrimento de outras: crentes de que a arte deve expressar uma grande rebelião contra a civilização burguesa, acreditamos que diferentes doutrinas podem coexistir na mesma luta. Se a arte deve assumir uma posição perante o capital(existindo portanto artistas revolucionários assim como artistas reacionários), isto pode ser feito, dentro da perspectiva revolucionária, de diferentes maneiras. Quando alguns articulistas deste blog defendem o conceito de arte proletária, uma questão antiga que a exemplo do Surrealismo vem de lá dos cafundós temporais do início do século passado, obviamente que isto levanta polêmicas. Não somos adversários da arte proletária, desde que esta não se confunda com razão de Estado, com " doutrina estética oficial do comunismo " ou simplesmente com malabarismos de linguagem que fazem a fetichização da miséria social e levam ao esgotamento das possibilidades formais dentro da propaganda. 
 Sempre quando se tenta debater os propósitos revolucionários do Surrealismo em alguns ambientes de esquerda, ocorrem reações diversas. Felizmente entre a maioria dos trotskistas, o Surrealismo não é Bicho Papão, estabelecendo assim um certo interesse por parte da juventude. O mesmo podemos dizer em relação aos anarquistas. Mas em outros ambientes, geralmente marcados por uma visão nacionalista na cultura,  paira uma grande confusão na cabeça de militantes: é como se a arte que não exprime diretamente ideias políticas seja contrária aos interesses históricos do socialismo. Que pobreza espiritual! Que atraso perante aqueles que deveriam estar atentos ás formas culturais inimigas da burguesia!  No caso do Surrealismo em particular, práticas como a escrita automática e as collages, são gestos revolucionários porque possibilitam a queda de todo controle racionalista ao qual a classe dominante nos submete diariamente. A arte surrealista entendida de acordo com o pensamento de homens como André Breton, nos leva ao enfrentamento contra a realidade mesquinha do capital: no Surrealismo o amor e a liberdade são experimentados pela poesia selvagem e que portanto desconhece a domesticação do humano. Que os companheiros abram a cachola e se permitam ter contato com a experiência surrealista!


                                                                                     Os Independentes   

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