As imposições do capital tornam viciadas as discussões em torno da produção teatral e cinematográfica brasileiras. Dispensável dizer que, na maioria dos casos, a consequência mais imediata disso é abandono da pesquisa estética e o mergulho nas fórmulas comerciais que vivem zumbizando a cultura do nosso tempo(e o gozado é que os críticos nunca atacam estes produtos, pois para eles " velha " é a arte que possui intenções políticas). Uma das principais dificuldades em organizar uma produção teatral e cinematográfica empenhadas em debater as relações sociais de exploração do capitalismo, é a formação reacionária que boa parte dos atores, dramaturgos, roteiristas, diretores e outros profissionais destas áreas recebem. Uma frieza esnobe, condicionada por tiques egocêntricos(e outras pragas acadêmicas), parece infestar várias instituições artísticas e casas de espetáculos.
Dentre as iniciativas que combatem este cenário deprimente, estão as pequenas companhias teatrais que ao retomarem as tradições populares do teatro de rua, devolvem á arte cênica seu aspecto sadio de agitação e contestação social. São nestas iniciativas teatrais realizadas por militantes de esquerda que atuam no teatro(e por militantes do teatro que colaboram com organizações de esquerda), que encontramos os atores necessários para uma produção audiovisual de combate á sociedade estabelecida. Para o cineasta que faz da sua câmera um instrumento de combate, é necessário um elenco que não apenas " execute " ou " interprete " o que está no roteiro cinematográfico. Os filmes engajados de hoje, feitos na raça e com compromisso político de classe, necessitam de atores que pela sua formação cênica revolucionária façam o espectador sentir, por todo o seu sistema nervoso, a necessidade de uma outra sociedade.
José Ferroso
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