A contribuição da psiquiatra Nise da Silveira é clínica e ao mesmo tempo artística. Ela questionou a brutalidade do choque elétrico no tratamento de pacientes e apresentou a pintura enquanto meio de exteriorização e liberação dos problemas de origem inconsciente. Esta visão moderna, libertária, está presente no filme Posfácio: imagens do inconsciente, dirigido por Leon Hirszman em 1986 e até muito recentemente esquecido na Cinemateca do Rio de Janeiro. Graças a Eduardo Escorcel, este filme será exibido no Festival É Tudo Verdade. A entrevista realizada por Leon, um dos mais importantes cineastas brasileiros, com Nise da Silveira, é de grande significado cultural: a reabilitação de pessoas através da arte é uma questão fundamental no combate a uma sociedade brutal, em que os choques que foram utilizados contra internos, não deixam de exprimir.
A arte enquanto cura e sondagem do universo do inconsciente foi a principal pauta do trabalho de Nise. Ao lado do crítico de arte Mário Pedrosa, ela esteve á frente da criação do Museu das Imagens do Inconsciente, em 1952. O acervo desta instituição mostra a vitória da arte contra a estupidez e a " normalidade " opressora da sociedade burguesa(esta sim um grande perigo para a nossa saúde).
Marta Dinamite
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