Lá pelas bandas da Europa, tá cheinho de moscas: a extrema direita avança pelo velho mundo. Como a vida política brasileira também não está isenta de moscas, os dramaturgos que não nascem e morrem em casulos, precisam dizer alguma coisa sobre tudo isso. A crise do trabalho intelectual não existe para aqueles que possuem uma consciência clara sobre a necessidade de conscientizar a população sobre os ventos reacionários que sopram no ocidente. Cenas de contestação e denúncia social são hoje necessidades vitais para a dramaturgia e a literatura em geral.
Quando Jean Paul Sartre encenou As Moscas(1943) em plena ocupação nazista na França, o fator cultural dentro da Resistência francesa adquiriu muita força: era o teatro atacando simbolicamente as forças reacionárias daquela época. A coragem intelectual de Sartre, que o levou a superar sua náusea individualista e pelas consistentes mãos do marxismo chegar a um conceito de literatura engajada, é exemplar. É o tipo de atitude intelectual que coloca a arte em seu habitat natural de enfrentamento contra a opressão. Resumindo, é uma lição histórica que precisa ser intensamente relembrada nos dias que correm. É contra a ameaça fascista que assombra a Europa e contra a direita brasileira orientada pelo pensamento neoliberal e pelo conservadorismo religioso, que o escritor engajado fornece munição simbólica para o teatro político de hoje.
Lúcia Gravas
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